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6.3.08

Drácula

O Conde Drácula é o mais clássico dos vampiros, e o DRÁCULA de Bela Lugosi, estreado em 1931, permanece o clássico dos clássicos. Cinéfilos preferem o NOSFERATU de Murnau (1922), que serviu de inspiração também para o filme de 1979 de Werner Herzog.

Mas na imaginação coletiva é o húngaro Bela Lugosi que encarna o vampiro romeno. Sua voz é envolvente, seus olhos são sedutores. Mas ninguém se engane: o encanto do personagem criado por Lugosi vem de sua incrível ambiguidade, da capacidade de transmitir, ao mesmo tempo, as idéias de dor e de terror.

Pois Drácula é um demônio noturno, um pesadelo -e, se o filme hoje é um clássico, é em boa parte porque Lugosi conseguiu lhe dar a densidade e a intensidade que os pesadelos requerem.

É verdade que sozinho Lugosi não faria tudo o que fez, e o filme não seria o que é se a Universal não tivesse providenciado a iluminação de Karl Freund, um alemão saído das sombras do expressionismo -e um dos maiores fotógrafos do cinema. Ou ainda se não tivesse a dirigi-lo Tod Browning, que formava com James Whale a grande dupla de mestres do horror dos anos 30.

O terror é um gênero estranho e difícil, pois convoca plenamente o imaginário, mas só o faz na medida em que acene com a hipótese de tudo aquilo nos afetar realmente. É um gênero que nos agita inteiramente, corpo e alma, idéia e matéria. Poucos chegaram a isso e mantiveram por tanto tempo sua eficácia quanto esse DRÁCULA.

Spoiler Rating: 77
LBC Rating: ~

Por Inácio Araujo

2.2.08

E o Vento Levou


E O VENTO LEVOU de 1939 apresenta uma visão sentimental da Guerra Civil norte-americana, na qual o “Velho Sul” toma o lugar de Camelot, e onde a guerra não foi travada para derrotar a Confederação e libertar os escravos, mas para dar à senhorita Scarlett O´Hara uma merecida reprimenda. Sabemos disso há muito tempo: a danosa nostalgia vem com o território. Todavia, depois de todos esses anos, o filme continua sendo um dos pilares do cinema, porque conta uma boa história e a conta magnificamente bem.

Scarlett é uma mulher de 1930. Uma mulher moderna, obstinada e de espírito livre. O caminho dela foi aberto pelas garotas petulantes da era do jazz de Fitzgerald, pelas arrojadas atrizes daquele período e pela dura realidade econômica da depressão. A lascívia de Scarlett tem muito pouco em comum com o mito das delicadas flores sulistas, e tudo a ver com os símbolos sexuais dos filmes que forjaram a sua criadora: Margaret Mitchell.

É claro que Scarlett não poderia sair impune de três casamentos, de cobiçar o marido da meiga Melanie, de matar um saqueador ianque e de banir o terceiro marido da cama do casal, a fim de proteger a sua fina cintura do peso de uma gravidez. Isso fascinou (e ainda fascina) o publico que viu seu temperamento desafiar o chauvinista universo masculino, mas por fim, ela é punida, e é disso que “Francamente, querida, eu não ligo nem um pouco” se trata.

Clark Gable e Vivian Leigh caíram com perfeição nos dois papéis mais cobiçados da época. Sem dúvida, o filme ainda estará por aqui, por muitos anos, um estupendo exemplo da arte de Hollywood e uma cápsula do tempo da desagregação do sentimentalismo para um Civilização que o vento levou, está bem - levou, mas não esqueceu...

Spoiler Rating: 92
LBC Rating: ~

Por Roger Ebert

Do Mundo Nada se Leva


Adaptação da peça de Moss Hart e George S. Kaufman, premiada com o Pulitzer, DO MUNDO NADA SE LEVA foi o sexto sucesso seguido de Frank Capra. Harry Cohn pagou a quantia (recorde para a Columbia) de 200 mil dólares, a fim de comprar os direitos da historia, que é a comedia da classe media por excelência. Segundo o próprio Capra, é "a historia de uma família felizarda de rebeldes, vivendo em perfeita harmonia, encontrando a felicidade na expressão individual: fazendo as coisas que eles sempre tinham querido fazer, embora as façam mal".

Os membros da excêntrica família Vanderhof acreditam em viver fazendo apenas aquilo de que se gosta. Eles moram num velho casarão onde essa regra é quase lei. Vovô Vanderhof (Lionel Barrymore) não paga impostos por que não acredita neles. Largou o emprego há 35 anos e nunca mais voltou. Agora, ele pinta, e não se importa se a sua pintura não e de grande qualidade. Sua filha Penny (Spring Byington) se tornou escritora porque uma maquina de escrever foi entregue na casa por engano. O marido dela (Samuel S. Hinds) fabrica fogos de artifício no porão. Essie (Ann Miller), filha dos dois, é uma dançarina de balé medíocre, cujo professor é Kolenkhov (Mischa Auer), um autocrata russo, e o marido (Dub Taylor) toca xilofone e imprime dinheiro. O melhor amigo de Vanderhof, Mr. Poppins (Donald Meek), inventa coisas.

A única que tem comportamento normal é Alice (Jean Arthur), apaixonada por Tony (James Stewart), que é filho de Mr. Kirby (Edward Arnold), inimigo do velho Vanderhof porque este não lhe quer vender a casa, ultima que falta, no quarteirão, para que ele possa ampliar sua fabrica de armas.

A comedia se acelera quando Alice convida Tony e seus pais para uma visita à sua estranha família. A principio, o encontro entre eles é desastroso, mas os dois velhos acabam se acertando para um alegre final feliz.

Capra sempre empregava temas políticos para sublinhar suas comedias. Nesta, ele faz, da família Vanderhof, a representante dos pobres e humildes do mundo, dando um tom afetuoso e terno ao que poderia ser apenas uma comedia maluca.

Spoiler Rating: 80
LBC Rating: ~

A Vida de Émile Zola


A mesma equipe que tinha realizado A HISTÓRIA DE LOUIS PASTEUR, em 1936 - o ator Paul Muni, o diretor William Dieterle e a Warner Bros - se juntaram, outra vez no ano seguinte, para produzir A VIDA DE ÉMILE ZOLA. O assunto era o grande romancista, cuja obra inspirou muitos filmes. Mas a trama principal não é, propriamente, como faz supor o titulo original, toda a vida do escritor. Concentra-se no episodio do "caso Dreyfus". O capitão Alfred Dreyfus foi injustamente acusado de traição. Como era judeu, e havia muito anti-semitismo entre oficiais do exercito francês, acabou sendo condenado , em 1894, à prisão perpetua na Ilha do Diabo. O filme narra a batalha de Zola, que publicou o libelo J´Accuse, contra poderosas forcas da França: o exercito, a justiça, o governo. O discurso final de Zola, no tribunal, é o ponto alto da narrativa.

Bette Davis pediu para fazer o papel de Nana, pequeno mas forte, mas não conseguiu. Quem o acabou interpretando foi Erin O´Brien-Moore.

Parte da imprensa parabenizou a Warner (que ganhava o Oscar de melhor filme pela primeira vez) por ter levado às telas um assunto maduro e carregado de mensagens sociais e humanas. Outros, ironicamente, insinuavam que mensagens deviam "ser remetidas pelo Correio e não pelo cinema".

Segundo o critico Frank S. Nugent, do New York Times, em 1937: "Como Pasteur, o filme captou o espírito de um homem e de seu tempo; e, ao contrario de Pasteur - e isso é o fator que lhe da preeminência - ele expõe não apenas o espírito mas, como em raras vezes, os próprios fatos da vida do biografado e daqueles que foram historicamente importantes na sua trajetória. Mais miraculosamente ainda, consegue isso sem inibições, sem promessas glorificações, sem ignorar a historia com o propósito de aumentar a importância do personagem central".

Spoiler Rating: 74
LBC Rating: ~

Ziegfeld, O Criador de Estrelas


No ano anterior, o produtor Hunt Stromberg tinha dado vida nova aos musicais, quando proporcionou o encontro entre Jeannete MacDonald e Nelson Eddy, em OH MARIETTA!, primeira opereta da dupla que encantou gerações. Nessa mesma época, outra dupla - essa de dançarinos - também contribuiu muito para que o gênero crescesse ainda mais. Eram Fred Astaire e Ginger Rogers, no primeiro dos dez filmes que fizeram juntos.

A Universal tinha passado um ano planejando uma cinebiografia do grande produtor de musicais da Broadway Florenz Ziegfield. Depois, vendeu o projeto para a Metro. Dois anos e meio e quase dois milhões de dólares mais tarde, o filme chegou às telas. Com 170 minutos de duração, tinha sete números musicais exuberantes e 23 canções, desde Fanny Brice cantando "My Man", ate um grande bale e um numero de circo.

A historia acompanha a trajetória do empresário, desde quando ele era um simples promotor de espetáculos secundários, em 1893, ate o sucesso como produtor da Broadway, passando por seus dois casamentos: o tulmutuado, com Anna Held (Rainer), e o tranqüilo, com Billie Burke (Loy). Ziegfield tinha morrido quatro anos antes, aos 65 anos de idade. Segundo os que o conheceram pessoalmente, o filme capta a essência da sua forma de trabalhar e de tratar com seus astros.

Fanny Brice, Leon Errol, Gilda Gray e Ray Bolger atuam como eles mesmos. No elenco, esta Stanley Morner, mais tarde astro de seus próprios musicais com o nome de Dennis Morgan. O roteirista, o diretor de arte e o diretor de dança tinham sido colaboradores do próprio Ziegfield. Powell esta muito bem no papel titulo, mas Rainer deslumbrou as platéias, e sua cena ao telefone se tornou um clássico

Spoiler Rating: 70
LBC Rating: ~

O Grande Motim


Baseado numa trilogia publicada em 1932: "Mutiny on the Bounty", "Men Against the Sea" e "Pitcairn Island"', O GRANDE MOTIM concentra-se, principalmente nos dois primeiros. É sobre uma viagem que realmente aconteceu, do navio HMS Bounty, que partiu da Inglaterra no dia 23 de dezembro de 1787, comandado por William Bligh, com 46 pessoas a bordo, e ordens para transportar mudas de fruta-pão do Taiti para as Índias Ocidentais. No dia 28 de abril de 1789, o imediato Tenente Fletcher Christian liderou um motim que teve, como ultima conseqüência, a humanização do código disciplinar da Marinha britânica.

Pela primeira vez, a fotografia não era feita com miniaturas dentro de banheiras, e risco de aparecerem torneiras ao fundo, como chegou a acontecer algumas vezes. Construiu-se uma replica perfeita do Bounty, e dois meses levaram as filmagens nos mares do sul, com muitos prejuízos por causa do mau tempo. A produção acabou custando perto de dois milhões de dólares, bem acima da media da época.

Curiosamente, com 3 indicações na categoria de Melhor Ator, nenhum dos três foi o vencedor. A grande interpretação de Charles Laughton, inclusive, fez, do Capitão Bligh, um dos mais odiados vilões do cinema. Ficou famosa a cena em que ele manda chicotear um marinheiro, mesmo depois de morto, para fazer prevalecer sua autoridade. Na realidade, Laughton tinha horror ao mar e enjoou durante toda a filmagem. Gable teve que raspar seu tradicional bigode porque não era permitido usá-lo na marinha britânica, na época em que se passa a historia. Dois atores, mais tarde famosos, fizeram parte do elenco, em pequenas pontas: David Niven e James Cagney.

A Paramount não liberou Cary Grant para o papel que acabou interpretado por Franchot Tone. E Wallace Beery recusou o de Bligh porque não gostava de Gable.

Spoiler Rating: 79
LBC Rating: ~

Aconteceu Naquela Noite


ACONTECEU NAQUELA NOITE foi um desses filmes, cuja realização passou por vários acidentes e coincidências que acabaram levando a um sucesso inesperado. O conto, cujo titulo original era "Night Bus", escrito por Samuel Hopkins Adams e publicado na revista Cosmopolitan, foi comprado pela Metro, depois de passar por vários estúdios. Em princípio, tinha sido escolhido para ser estrelado por Robert Montgomery, que recusou por não gostar do roteiro. Mais tarde, foi trocado, com a pequena Columbia, juntamente com o empréstimo de Clark Gable, pelos serviços de Frank Capra que dirigiria, para a Metro, um filme chamado "Soviet", o qual nunca foi realizado. Robert Riskin foi incumbido de refazer o roteiro. E foi o que ele fez, com muita felicidade, inserindo diálogos inteligentes em situações simples.

Ellie Andrews (Colbert, depois que Myrna Loy recusou o papel) é uma rica e mimada herdeira que foge de casa porque o pai é contra seu casamento com um caçador de dotes mexicanos. Ela perde seu dinheiro numa viagem de ônibus para Nova York. Nessa mesma viagem, vem a conhecer Peter Warne (Gable), um repórter desempregado, que a reconhece e começa a ajudá-la, sem que ela saiba. Eles abandonam o ônibus, pedem carona pela estrada, dividem um quarto num motel e acabam se apaixonando. Quando Ellie descobre que Peter esta mandando noticias sobre ela para um jornal, sente-se traída, e resolve telegrafar para seu pai. Mas uma reviravolta proporciona o final feliz característico do gênero.

Algumas seqüências ficaram famosas: Gable ensinando a Colbert como molhar rosquinhas no café, os dois pedindo carona na estrada, Gable fingindo ser um pistoleiro para afastar um chantagista, um coberto que chamaram de "Muralhas de Jericó", separando as camas no quarto do motel, criado por Capra porque Colbert se recusou a tirar a roupa diante das câmeras.

Trata-se de uma comédia romântica clássica que foi a primeira a ganhar todos os OSCARs mais importantes: Melhor Filme, Diretor (Frank Capra, 1897/1991), Roteiro, Ator (Clark Gable, 1901/1960) e Atriz (a francesa Claudette Colbert 1903/1996). Muito imitada e duas vezes refilmada (a última como musical, SÓ POR AQUELA NOITE, com Jack Lemmon), teve enorme impacto na época da Depressão. A popularidade do filme foi tão grande que, por ter Clark Gable tirado a camisa e mostrado o peito nu, a venda de camisetas, nos dois anos seguintes, caiu tremendamente nos EUA.

Spoiler Rating: 82
LBC Rating: ~

Cavalgade


CAVALGADE narra os efeitos dos acontecimentos mundiais na vida de duas famílias inglesas, principalmente a de Robert (Clive Brook) e Jane Marryot (Diana Wynyard), de 1899 ate 33 anos depois.

Tudo começa na véspera do Ano Novo de 1899. Os Marryots fazem seu brinde costumeiro para a data. No dia seguinte, Robert vai para a África do Sul, como oficial do City Imperial Volunteers. O mordomo da família, Alfred Bridges (Mundin), parte como soldado, no mesmo navio. Mafeking esta sitiada e não se sabe quanto resistira. Lá, um irmão de Jane serve como oficial. Ela odeia a guerra e nem gosta de ver os filhos brincando com miniaturas de canhões e soldadinhos. As bandas marciais, com a inevitável "Soldiers of the Queen", a deixam nervosa. Meses depois, no entanto, ela esta contente com a volta do marido. Há momentos, então, de boa comédia, protagonizados por Alfred e sua mulher, Ellen.

A emoção seguinte é a morte da Rainha Vitória, e o funeral que é visto pelos personagens (mas não pelos espectadores) de uma janela da casa. Ouve-se a marcha fúnebre, e Mary comenta sobre cinco reis que caminham juntos na procissão.

Anos se passam. Alfred e Ellen são donos de um pub. Os negócios não vão muito bem porque Alfred bebe muito e é generoso demais com os fregueses. Ele acaba morrendo, atropelado por uma carroça. Mais tarde, sua filha, Fanny Bridges, se destaca como dançarina e, depois, cantora de blues.

Edward, um dos filhos dos Marryots, se casa com Edith Harris, e partem em lua de mel num navio. Somente pela inscrição num salva-vidas, fica-se sabendo que o navio é o Titanic (Aqui há um engano: o navio parte de Liverpool e não de Southampton, como aparece no filme). Os Marryots se consolam. Ainda tem um filho, Joe.

Começa a primeira guerra. Zeppelins lançam bombas, e os feridos são trazidos em trens ambulâncias. Joe é mandado para frente de batalha. De licença, ele volta para casa. Foi o único oficial sobrevivente de seu batalhão. Mas, ao retornar para o front, ele também é morto. Em 1932, os Marryots brindam, no Ano Novo. Ao som dos grupos que cantam, a vida continua...

Nostálgico, mas também com agudas criticas a guerra e a tudo que veio, depois dar um fim a uma ótima forma de viver. O filme é tipicamente inglês, mas foi rodado em Hollywood.

Spoiler Rating: 66
LBC Rating: ~

Por Fernando Albagli ("Tudo Sobre o Oscar" - Ed. Zit)

Grande Hotel


Irving Thalberg sacudiu o mundo cinematográfico colocando cinco dos maiores astros de seu estúdio - a Metro - num só filme. GRANDE HOTEL foi a primeira produção all-star de Hollywood. No elenco, Greta Garbo, John Barrymore, Joan Crawford, Wallace Beery, Lionel Barrymore, Lewis Stone & Jean Hersholt.

Passa-se num hotel de luxo, em Berlim. Num período de 48 horas, varias histórias se entrelaçam, misturando romance, assassinato, tentativa de suicídio, nascimento e um verdadeiro conto de fadas no estilo Gata Borralheira, enquanto um hospede entediado, o Doutor Otternsclag (Stone), se queixa: "Grande Hotel...gente chegando...gente saindo...nunca acontece nada".

Greta Garbo é a bailarina Grusinskaya. Sabendo que estava cercada de ótimos interpretes, deve ter resolvido dado o máximo de si para fazer brilhar sua personagem. E consegue admiravelmente. Maravilhosa nas cenas iniciais, esta encantadora na seqüência de amor com o barão arruinado Geigern (John Barrymore) que quer roubar suas perolas. Joan Crawford, como Fkaemmchen, a ambiciosa estenografa do magnata prussiano Preysing (Wallace Beery) esta soberba. Assim como Lionel Barrymore, fazendo Krigelein, seu contador moribundo, embriagado mas altivo. Segundo críticos da época, quem não viu o ator Siegfried Rumman como Preysing, no palco, achara a interpretação de Beery insuperável.

A critica citou Joan e Lionel como os melhores. Mas o estúdio tomou cuidado para que, em nenhuma cena, Crawford e Garbo aparecessem juntas.

E quando todos os grandes estúdios davam prejuízos, GRANDE HOTEL foi o principal responsável pelo lucro de oito milhões de dólares que a Metro teve, em 1932. Foi também o único filme a ganhar o premio principal, sem ser indicado em nenhuma outra categoria.

Spoiler Rating: 76
LBC Rating: ~

Por Fernando Albagli ("Tudo Sobre o Oscar" - Ed. Zit)

Cimarron


Baseado no romance homônimo de Edna Ferber (125 mil dólares pelos direitos, um recorde na época), CIMARRON é a historia do crescimento de Osage, uma cidadezinha de Oklahoma, desde os tempos dos pioneiros, ate sua transformação em moderna cidade industrial. Ficaram famosas as seqüências iniciais: a empolgante corrida de 1888 dos primeiros colonizadores, a cavalo e em carroças, para reivindicarem dois milhões de acres de terra, que o governo reservara para os que chegassem primeiro. Foi uma semana de filmagem, em que foram utilizados 5000 extras, 28 cinegrafistas e 27 assistentes de câmeras.

A historia segue 41 anos de vida do pioneiro Yancey Cravat (Dix), de Wichita que, depois de perder sua terra, torna-se editor de um jornal, e ajuda a transformar o acampamento inicial numa respeitável cidade, defendendo sempre os oprimidos, inclusive os índios, viajando constantemente por todo o território, enquanto sua mulher, Sabra (Dunne), toma conta do jornal. Ela é, realmente, a grande heroína da historia. Segundo o filme, qualidades como a paixão de Yancey e a perseverança de Sabra foram os elementos que fizeram da América um grande pais.

Mais duas mulheres se destacaram no elenco. Edna May Oliver é uma excelente comediante e Estelle Taylor esta ótima como Dixie Lee.

CIMARRON mostra clássicas cenas de westerns: julgamentos, tiroteios, assaltos a bancos. O personagem de Dix é inspirado num advogado e pistoleiro da vida real: Temple Houston - filho de Sam Houston que, por coincidência, Dix interpretou, depois, em A GRANDE CONQUISTA, em 1939.

Apesar dos elogios da critica e da publicidade que o premio da Academia lhe trouxe, a época de depressão e desemprego levou o filme a um grande fracasso financeiro. Seu custo de 1.443.000 dólares ultrapassou de muito orçamento inicial, registrando prejuízo de quase 600 mil dólares. Um relançamento em 1935, ajudou a reduzi-lo, mas o filme nunca conseguiu sair do vermelho.

Spoiler Rating: 62
LBC Rating: ~

Por Fernando Albagli ("Tudo Sobre o Oscar" - Ed. Zit)

Sem Novidades no Front


SEM NOVIDADES NO FRONT é um drama pacifista sobre sete estudantes que, na Primeira Guerra Mundial, se apresentam como voluntários para servir à Pátria, na gloria ou na morte, e cujas românticas ilusões são destruídas durante os quatro anos na frente de batalha. Repleto de mortes, corpos amputados, ratos nas trincheiras, fome, frio e medo, nele não se vê uma cena sequer de glorificação de combates ou de atos heróicos.

Famosa adaptação do livro "Nada de Novo no Front Ocidental", de Erich Maria Remarque. Premiado com o Oscar de Filme e Diretor, ainda é uma das fitas mais famosas já realizadas contra a guerra. Infelizmente a cópia deixa a desejar, necessitando urgente de restauração.

Apesar disso, a mensagem pacifista não perdeu sua eloquencia no rosto inocente do herói Paul (Lew Ayres, que ficaria famoso interpretando o Dr. Kildare numa série de fitas da Metro, mas usa carreira ficou abalada durante a Segunda Guerra quando se recusou a lutar, alegando convicções religiosas). Seu elenco não tinha nomes estelares e, para a época, o filme foi caro - cerca de um milhão e duzentos mil dólares. Nas primeiras sessões de teste, as platéias riam, ao aparecer Zasu Pitts, que tinham se acostumado a ver como comediante. Seu dramático papel de mãe teve de ser refilmado com Beryl Mercer. A cena final com a borboleta é uma das mais famosas do cinema.

Spoiler Rating: 81
LBC Rating: ~

10.8.07

Pele Branca como a Neve, Lábios Rubros como a Rosa

Se BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES, fosse basicamente sobre Branca de Neve, teria sido logo esquecido depois do lançamento em 1937 e hoje seria apreciado apenas por motivos históricos, por ser o primeiro longa-metragem de animação a cores. Para dizer a verdade, a personagem Branca de Neve é um pouco enfadonha, nada atuante, mas sua existência inspira outros a agirem. Ao longo dos anos, o erro da maioria dos inúmeros imitadores de Disney tem sido confundir os títulos dos filmes com o assunto. BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES não trata apenas de Branca de Neve e do Príncipe Encantado, mas também dos sete anões e da Rainha Má e de um sem-número de seres da floresta e dos céus, desde o pássaro azul que enrubesce até a tartaruga que passa a vida inteira tentando subir um lance de escadas.

A grande inspiração não foi criar Branca de Neve, mas sim criar o mundo que a cerca, imaginando um filme em que todos os ângulos e todas dimensões incluíssem algo vivo e em movimento. Nunca se vira algo semelhante às técnicas de BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES. O cinema de animação era considerado um entretenimento infantil, seis minutos de gags envolvendo ratos e patos, antes do cinejornal e do filme principal. BRANCA DE NEVE demonstrou que a animação poderia libertar um filme da armadilha do espaço e tempo; que gravidade, dimensão, limitações físicas e regras do movimento poderiam ser vencidas pela imaginação dos animadores.

Consideramos, por exemplo, o momento em que Branca de Neve canta “I´m Wishing” (“Eu Desejo”) enquanto olha para o fundo do poço. Disney propicia-lhe um ouvinte: um pombo se assusta, foge voando e depois retorna para ouvir o restante da canção. Em seguida, o ponto de vista muda drasticamente e vemos Branca de neve lá no alto, a partir da superfície brilhante do poço.

O mais importante elemento de continuidade é o uso de personagens auxiliares. Menores e maiores, sérios e cômicos. Um fotograma não pode conter apenas um personagem por muito tempo, falas extensas são raras, números de musica e dança são freqüentes e a ação principal é sublinhada pelo grupo de personagens que a refletem ou a ela reagem.

Outro achado, foi fazer os personagens expressarem fisicamente suas personalidades. E fez isso sem lhes atribuir rostos engraçados ou roupas estranhas (embora isso fizesse parte), mas estudando estilos de linguagem corporal para depois exagerá-los. Os sete anões, Soneca, Zangado, Dunga, e assim por diante, personificam seus próprios nomes. Mas essa simples analogia se tornaria monótona, se eles não interpretassem cada fala e cada movimento com exagerada linguagem corporal, e suas roupas não estivessem em sintonia com suas personalidades.

Outra inspiração são os diferentes centros de gravidade dos personagens. Uma heroína como Branca de Neve é alta e aparece sempre em pé. Mas toda a movimentação dos personagens cômicos é centrada e emanada dos traseiros. Nos filmes, é comum rodopiarem, se chocarem de costas e caírem sentados. Além disso, são roliços, baixos, ternos, exagerados e divertidos, sendo suas personalidades sempre construídas de baixo para cima. Outro contraponto interessante é a presença dos animais vivendo estórias paralelas. Branca de Neve não sobe sozinha as escadas da casa dos anões: É acompanhada por um bando de animais. Os esquilos correndo depressa e a tartaruga num laborioso passo.

Como acontece aos grandes artistas, a tela foi para Disney, o campo de batalha para o conflito entre seu intelecto e suas emoções. Sua adaptação intelectual da relação maternal de Branca de Neve com os seus anões apresentou uma versão idealizada de sua identificação emocional com esse material, particularmente na autodescrita relação paternalista com seus empregados. Na luta de Branca de Neve para assumir o comando do próprio destino, ameaçado pelas negras forças do mal, Disney encontrou uma poderosa metáfora de sua própria luta pela sobrevivência na arena de Hollywood, cujo mercado, percebia sombrio e competitivo.

A fidelidade de Disney ao aspecto liberal de seu material original, permitiu que seu filme encontrasse um vasto publico entre as crianças. Foi, no entanto, a ressonância clássica do filme que ajudou a projetar seus conflitos íntimos e tornou Branca de Neve igualmente, ou talvez ainda mais, sedutor aos adultos. Do caos profissional de sua obra e das inseguranças emocionais de sua vida, Disney produziu uma obra unificada de grande profundidade, ao mesmo tempo, básica e sofisticada, sombria e luminosa, tangível e ilusória, única e, ainda assim universal.

O tema básico do filme também conseguiu tocar um ponto critico da sociedade. A luta de Branca de Neve contra sua temível madrasta transformou-se em vivida metáfora, identificando os temores de uma nação prestes a entrar em conflito mundial, quando as sombrias forças do mal pareciam ameaçar a própria existência dos EUA. Em todos os níveis, então, Branca de Neve foi uma conquista gigantesca, tão cativante quanto qualquer obra jamais produzida por um cineasta.

Houve muita discussão de como a cena em que o Caçador se aproxima para matar Branca de Neve deveria ser apresentada. Walt estava preocupado de como seria a reação da platéia quanto a idéia de um desenho matar outro desenho. Eles achariam engraçado ou sentiriam a verdadeira emoção que os animadores queriam transmitir? A resposta veio na premiere do filme. Segundo o animador Ward Kimball, ele mesmo podia escutar as pessoas chorando durante a cena em que os anões tiram suas toucas e se ajoelham em volta do esquife de Branca de Neve.

O que se vê em BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES é uma tela sempre brilhando e palpitando de movimento e invenção onde se insere a estória principal, apavorante como em todos os contos de fada, envolvendo a Rainha Má, o sinistro espelho Mágico, a maça envenenada, o sepultamento em uma urna de vidro, a tempestade de raios, a saliência rochosa e a queda fatal da rainha. As crianças lidam bem com esse material porque são tímidas como os pássaros e os animais, que fogem e depois voltam para lançar mais um olhar curioso...

Spoiler Rating: 88
LBC Rating: ~

Por Roger Ebert - Grandes Filmes
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