

.jpg)
Seu filme tem esse título, e não é por acaso. A Luz Silenciosa é, na verdade, misteriosa. Reygadas começa filmando, lentamente, o amanhecer. É noite, as estrelas brilham e o mistério da luz começa a se operar diante do espectador. No fim, o movimento é inverso. A câmera fixa o horizonte, o sol se põe, cai a noite, as estrelas começam a brilhar. Entre esses extremos, Reygadas filma uma comunidade de menonitas que, confesso minha ignorância, nem sabia que existiam.
Como os amish, formam uma comunidade religiosa fechada, cujos integrantes falam uma espécie de dialeto e vivem segundo costumes que datam de centenas de anos. Os movimentos de câmera são lentos, mas tudo evoca o tempo que passa. Ao contrário dos amish, os manonitas, que não são tão radicais, possuem carros e dispõem de certos confortos - suas casas dispõem de energia elétrica, o leite das vacas é tirado por meios mecânicos.
Talvez seja esse flerte com a modernidade que leva Johan, o protagonista, a se envolver com outra mulher, embora seja casado, pai de numerosos filhos (e filho do pastor). Sua mulher não agüenta a pressão e morre, mas quem disse que a morte é definitiva? Lembrem-se de Dreyer. Reygadas filmou o desejo em BATALHA NO CÉU. Aqui, a paixão é uma coisa fria, mesmo quando Johan e Mariana, a amante, tiram a roupa e fazem sexo. No filme anterior, o sexo era explícito. Aqui, não, talvez porque Reygadas conte com um verdadeiro manonita, Cornelio Wall, interpretando Johan. A luz do filme é deslumbrante.
Spoiler Rating: 63
LBC Rating: ~
Por Luiz Carlos Merten (Estado)