2.2.08

E o Vento Levou


E O VENTO LEVOU de 1939 apresenta uma visão sentimental da Guerra Civil norte-americana, na qual o “Velho Sul” toma o lugar de Camelot, e onde a guerra não foi travada para derrotar a Confederação e libertar os escravos, mas para dar à senhorita Scarlett O´Hara uma merecida reprimenda. Sabemos disso há muito tempo: a danosa nostalgia vem com o território. Todavia, depois de todos esses anos, o filme continua sendo um dos pilares do cinema, porque conta uma boa história e a conta magnificamente bem.

Scarlett é uma mulher de 1930. Uma mulher moderna, obstinada e de espírito livre. O caminho dela foi aberto pelas garotas petulantes da era do jazz de Fitzgerald, pelas arrojadas atrizes daquele período e pela dura realidade econômica da depressão. A lascívia de Scarlett tem muito pouco em comum com o mito das delicadas flores sulistas, e tudo a ver com os símbolos sexuais dos filmes que forjaram a sua criadora: Margaret Mitchell.

É claro que Scarlett não poderia sair impune de três casamentos, de cobiçar o marido da meiga Melanie, de matar um saqueador ianque e de banir o terceiro marido da cama do casal, a fim de proteger a sua fina cintura do peso de uma gravidez. Isso fascinou (e ainda fascina) o publico que viu seu temperamento desafiar o chauvinista universo masculino, mas por fim, ela é punida, e é disso que “Francamente, querida, eu não ligo nem um pouco” se trata.

Clark Gable e Vivian Leigh caíram com perfeição nos dois papéis mais cobiçados da época. Sem dúvida, o filme ainda estará por aqui, por muitos anos, um estupendo exemplo da arte de Hollywood e uma cápsula do tempo da desagregação do sentimentalismo para um Civilização que o vento levou, está bem - levou, mas não esqueceu...

Spoiler Rating: 92
LBC Rating: ~

Por Roger Ebert

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