Golpe de Mestre

Num ano em que a nostalgia invadia os Estados Unidos (e, de lá, o mundo inteiro), a Academia premiou o tipo de filme que tinha feito tanto sucesso nos dias gloriosos de Hollywood: leve, divertido, bem produzido, com um belo visual - fotografia e direção de arte impecável - musica envolvente, ótimo elenco de apoio e uma dupla de atores cuja bilheteria já tinha sido provada antes (com o mesmo diretor e personagens aparentados) - Paul Newman e Robert Redford em BUTCH CASSIDY de 1969.

Tudo isso e um roteiro engenhoso, mas que não exigia qualquer espécie de reflexão: Em Joliet, Illinois, o velho trapaceiro negro Luther Colleman (Jones) e seu jovem protegido Johnny Hooker (Redford) conseguem enganar um trouxa, ficando com sua grana. Mais tarde, ficam sabendo que a vitima é um capanga de Doyle Lonnegan (Shaw), poderoso gangster de Chicago e verdadeiro dono do dinheiro.

Quando Luther é assassinado por um pistoleiro de Doyle, Hooker procura Henry Gondorff (Newman), em Chicago. Gondorff é amigo do morto e apontado por ele como o maior de todos na profissão.

Mesmo já se considerando aposentado, Gondorff concorda em ajudar Hooker, pondo em pratica um plano contra Doyle. Sabendo que o gangster tem um fraco por jogo, particularmente por corridas de cavalos, Gondorff joga cartas com ele, numa viagem de trem, para travar conhecimento. Depois, monta, com a ajuda de vários amigos contratados, uma casa de aposta falsa, onde Doyle começa a fazer pequenas apostas, que Gondorff e Hooker arranjam para que ele sempre ganhe.

Não muito tempo depois, Hooker procura Doyle e o aconselha a jogar tudo que puder num cavalo chamado Syphon, antes que a casa feche. Conta que foi procurado por um agente do FBI chamado Polk (Dana Elcar) que lhe propôs não prendê-lo se ele o ajudasse a prender Gondorff em flagrante. Doyle segue o conselho de Hooker. Mas quando esta apostando um milhão de dólares na corrida falsa, os agentes do FBI entram na casa e prendem Gondorff. Este percebe que foi traído e atira em Hooker, mas no mesmo instante é atingido por Polk. Assustado com os dois homens mortos, Doyle foge, deixando o dinheiro. Logo Gondorff e Hooker se levantam, ilesos. Tudo tinha sido uma farsa, nem Polk era agente federal, mas amigo dos mortos. A vingança tinha sido completa. Na surpresa final, o próprio expectador se sente (gostosamente) trapaceado.

A excelente reconstituição de época vai a pormenores, como o próprio logotipo da Universal, no principio do filme, que não era usado desde a década de 1940.

O resultado é que foi o grande premiado em seu ano com sete Oscars, incluindo Melhor Filme, Roteiro, Diretor, Trilha Musical, (utilizando temas de Scott Joplin, rearranjados por Marvin Hamlish). Embora um pouco longo, o filme é charmoso, com astros em plena forma, com senso de humor e suspense. Um clássico moderno.

Spoiler Rating: 83
LBC Rating: ~