9.2.08

Chicago


CHICAGO seguiu MOULIN ROUGE na revitalização dos musicais. Não é tão radical nem tão ousado quanto MOULIN ROUGE. E por isso fez mais sucesso e escandalizou menos. Francamente, tirando MOULIN ROUGE, que é um caso a parte, é um dos melhores musicais em muitos anos, talvez desde CABARET.

A referência ao filme de Bob Fosse é proposital, já que foi ele quem criou a montagem original nos anos 1970 com Chita Rivera (surpresa, ela faz uma pequena pontinha na fita como homenagem a única sobrevivente do original) e Gwen Verdon (que era a Sra. Fosse na época). Não foi um grande sucesso nem fracasso, apenas médio na época, talvez porque as pessoas não estivessem preparadas para entender o que era basicamente uma sátira ao sistema judicial americano (é bom lembrar que, por sua vez, o musical CHICAGO, composto por Ebb e Kander, a mesma dupla que criou CABARET, foi inspirado num filme chamado ROXIE HART, do começo dos anos 1940, de William Wellman, com Ginger Rogers.

Qualquer um que conhece melhor a cultura americana sabe muito bem que tudo nela é show. Aparência, performance, competição e nunca substância, conteúdo. No sistema judiciário, a palhaçada é ainda mais chocante. Claro que o filme, embora trate de coisas sérias, não tem pretensões de pregar moral. É tudo na base da ironia, ao mostrar como a jovem Roxie (Renée Zellweger) mata o amante que a enganava e vai para a cadeia, onde fica aprendendo que é preciso ter um bom advogado (e procura então o melhor deles, o mais vigarista, feito por Richard Gere) e se dar bem com a carcereira (Queen Latifah, ótima, que pelo papel concorreu ao Globo de Ouro e ao Oscar).

Em Chicago, na década de 30, tudo é uma questão de cair no gosto da imprensa, que promove a criminosa como se fosse uma estrela. Foi o caso de Velma (Catherine Zeta Jones), que matou a irmã que a traía com o marido e naquele momento é a sensação da imprensa. Mas Velma perde seu momento quando chega Roxie e aprende, depressa, com a ajuda de seu marido transparente (John C . Reilly, outro grande ator, fazendo aqui a canção "Mr. Cellophane"). Claro que a fama corre o risco de acabar quando aparecer uma nova criminosa e uma outra novidade.

O filme tem um excelente roteiro de Bill Condon que acrescenta toques certos, aumentando o papel de Velma (que agora tem uma aparição surpresa no julgamento). Ela também diz uma frase genial, inédita, quando propõe uma parceria para Roxie e esta diz: "Mas eu te odeio!". Velma responde: "O show business é o único lugar onde isso não faz a menor diferença" - É, no show business e na política, faltou dizer.

Dirigido por um estreante, Rob Marshall (que era mais coreógrafo do que diretor na Broadway), o filme conseguiu resolver o problema de como transpor para a tela um show muito cantado e dançado, sem ficar chato. Ele simplesmente seguiu as lições de Fosse em CABARET: todas as canções ou sucedem num palco ou então são imaginárias, fantasiadas na cabeça de alguém, Ou seja, não-realistas. Ou comentam os fatos, ou os criticam, ou dão passagem para alguma situação. Portanto, nunca fica falso, fica inteligente. Ao sacar isso, Marshall finalmente conseguiu realizar o filme que estava há anos na geladeira como um projeto para Liza Minnelli e Goldie Hawn.

Spoiler Rating: 93
LBC Rating: ~

Um comentário:

Unknown disse...

Honestamente, não sei o que a Academia viu nesse Musical. A única atuação que chama atenção é a de Catherine Zeta-Jones, Rob Marshall fez o que pode com roteiro(sem profundidade) de Bill Condon construindo alguns bons números musicais e só. Apenas me resta elogiar a qualidade técnica que uma das únicas ressalvas que faço do filme. Dion Beebe realiza um ótimo trabalho de fotografia, desde os bons ângulos ao excelente trabalho de sombra e iluminação dos cenários que, por sua, são de qualidade embasbacante.

Técnicamente perfeito, mas com uma narrativa que se torna cada vez mais enfadonha - e os massivos números musicais contribuem em grande escala para isso - Chicago entrou para história como sendo um dos melhores Musicais já feitos na história, vencedor de 6 estatuetas do Óscar - apenas 3 foram "coerentes". Na ocasião talvez fosse melhor premiar As Duas Torres de Jackson ou O Pianista de Polanski.
Ratting: 75.

by TemplatesForYou
SoSuechtig,Burajiru