8.1.08

Peixe Grande

Que bom que Hollywood ainda pode se dar ao luxo de financiar filmes para Tim Burton. Eles não dão muito dinheiro mas são prestigiados, indicados a prêmios, ainda que nunca ganhem. E são basicamente diferentes. Curiosos. Interessantes. E nunca inteiramente bem sucedidos.

Pois tudo isso se repete de novo com PEIXE GRANDE, produzido por Richard Zanuck com um visual menos obviamente autoral de Burton. Talvez porque o filme seja seu primeiro trabalho depois daquela terrível concessão ao comercialismo que foi sua versão de O PLANETA DOS MACACOS.

Edward Bloom (o genial Albert Finney na versão atual e Ewan McGregor na juventude) não se cansa de contar histórias fantásticas sobre um peixe gigante que ele pegou quando jovem ou sobre o nascimento do filho, William (Billy Crudup). Exausto por não saber a verdade sobre o pai, e constrangido por conseqüência, Will cresce e se distancia de vez do "mentiroso". Ao saber que Bloom Sênior está doente, o jovem volta para tentar descobrir o que há por trás dos contos sobre grandalhões comedores de ovelhas, bruxas que prevêem a morte, cidades assombradas, assaltos a bancos e, principalmente, sobre a relação de Ed e a esposa (Jessica Lange, de volta às telas, ainda linda e talentosa). Alternando fantasia e realidade, comédia e dramaticidade, Burton constrói um mosaico de personagens fantásticos que você torce para serem reais.

Os atores estão em sincronia e o texto sobre a relação de pais e filho faz qualquer um sair da sala querendo marcar um churrasco com a família. O visual espetacular e quase sem nenhuma intromissão de CGI mescla com perfeição na melhor trilha de Danny Elfman desde EDWARD MÃOS-DE-TESOURA. Não é preciso ser gênio para descobrir o que vai acontecer no final, mas garanto que isso não servirá de nada quando o nó na garganta estiver se formando.

Spoiler Rating: 88
LBC Rating: ~

Por Rubens Ewald Filho

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