Foi só o cinema asiático dar alguns poucos sinais de cansaço, lá pelo fim dos anos 90, que se vaticinou o fim da "onda asiática" e a emergência da "onda latina". Conclusão precipitada. Com talentos genuínos, porém isolados, o cinema latino não conseguiu produzir uma palheta tão rica em escopo e tonalidades quanto a dos países do extremo Oriente.
A Coréia do Sul é um dos países responsável pela manutenção da vitalidade asiática. OLD BOY não é para todos os estômagos, tamanha é a brutalidade de certas seqüências. Mas o exagero faz parte da concepção central de Park Chan-wook e é preciso aceitá-lo como condição do filme. Um exagero que não se constitui como um estilo ou uma coreografia. Ele é orgânico ao tom melodramático (tão próximo a Nelson Rodrigues) e ao desenrolar trágico da situação proposta (basicamente uma vingança).
Park Chan-wook não obtém resultados uniformes. É um diretor oscilante em ritmo e em coerência. Mas essa incapacidade de ser perfeito imprime uma atordoante dose de energia humana ao filme. Se há cenas sanguinolentas e pancadaria, elas servem para dar corporalidade ao personagem principal, Oh Dae-su. Sua dor e sua angústia são também a dor e a angústia do espectador. No começo do filme, Oh Dae-Su é seqüestrado e levado para um quarto isolado. Depois de 15 anos, sem fazer idéia do motivo do seqüestro, é libertado. Terá cinco dias para descobrir a razão de seu confinamento. Se for bem-sucedido, seu algoz se mata; se não, quem morre é ele.
Livre, Oh Dae-su entra num restaurante e pede para comer algo vivo. O garçom lhe oferece um polvo, cujos tentáculos ainda se mexem enquanto é devorado. Oh Dae-su, basicamente, é este animal preso em uma situação sem saída, debatendo-se para escapar dela. Uma figura trágica absurdamente contemporânea, que se recusa a aceitar aquilo que se apresenta como destino irremediável.
Spoiler Rating: 85
LBC Rating: ~
20.12.07
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