12.10.07

Contos de Terramar


CONTOS DE TERRAMAR (TALES FROM EARTHSEA/GEDO SENKI) é dirigido por Goro Miyazaki. O sobrenome famoso não é coincidência...O cineasta é filho de Hayao Miyazaki, um dos maiores animadores do Japão e vencedor do Oscar por A VIAGEM DE CHIHIRO, prêmio que concorreu também com CASTELO ANIMADO.

Grande sucesso de bilheteria no Japão, CONTOS DE TERRAMAR vem ao Ocidente um pouco respaldado pela imagem de um "Senhor dos Anéis nipônico" feito em animação. A comparação é um pouco simplista mas não improcedente. Afinal, o filme renova com todo imaginário de espadas mágicas, castelos do mal, histórias de aprendizagem heróica.

O tom, naturalmente, é de grandiloqüência com espaço para vez ou outra criar momentos de alívio pelo humor. Mas Miyazaki filho não iguala em talento o poder visual do pai: o traço nada tem de especial além de um leve toque "old school", os ângulos e as cenas transcorrem de forma previsível e óbvia, utilizando um imaginário já bastante esgotado e gasto.

A aventura é baseada na série de romances de Ursula K. Le Guin e inspirada em "Shuna's Journey", história em quadrinhos de Miyazaki pai. Nela, algo está afetando o equilíbrio das coisas. Ao mesmo tempo, o príncipe Arren está em conflito com o seu lado sombrio. Sua chance de melhora chega com o mago Sparrowhawk, que passa a protegê-lo. Os dois seguem viagem juntos e por onde passam encontram sinais de que algo vai mal no mundo. O responsável não tarda a surgir - é Cob, um feiticeiro maligno.

O filme leva o selo de qualidade do Estúdio Ghibli e a temática envolve o melodrama e o questionamento por parte dos atos dos personagens. São dramas de consciência que, a todo instante, atormentam os protagonistas. Ao mesmo tempo, temos outras reflexões que pontuam certas figuras dramáticas, como as responsabilidades da vida adulta e a necessidade de enfrentar as conseqüências de suas escolhas. Alguns dos desdobramentos desses atos chegam até a chocar, numa abordagem bastante adulta e inteligente.

O que compromete o trabalho de Goro Miyazaki é a forma irregular com a qual ele dosa a aventura e o melodrama. O relativo anacronismo do projeto em momentos consegue até ser um pouco cativante, mas a falta de um vigor mais singular na realização acaba com qualquer chance de um interesse maior pela trama ou por sua encenação. Final aberto, oportunidade de redenção e, como não poderia deixar de ser, espaço dado a um possível CONTOS DE TERRAMAR 2. Talvez a continuação injete um pouco mais de energia e seja mais do que a fruição morna, entre simpático e fastidioso, que original apresenta.

Spoiler Rating: 64
LBC Rating: ~

Por Mário Abbade (Omelete) e Ruy Gardnier (Contracampo)

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