12.10.07

Sonhando Acordado


Surrealista. Pós-moderno. Vanguardista. Expressionista. Videoclipeiro...Eis as maiores influências de Michel Gondry, diretor de SONHANDO ACORDADO (THE SCIENCE OF SLEEP).

Mas a ingenuidade é a grande marca desse filme que conta a vida de um rapaz mexicano, filho de mãe francesa, que vai buscar seu crescimento através de duas formas mais convencionais: Trabalhando e amando. Seu emprego, mamãe arranjou, e sua eleita também é francesa, que nem a mamãezinha. Ele já está ficando um homenzinho.

Sua busca é repleta de percalços e frustrações dada a sua imaturidade e sua tendência ao devaneio a ponto de confundir-se entre realidade e fantasia. O eterno conflito entre o real, à minha direita, pesando uma tonelada de chumbo, e o imaginário, à minha esquerda, pesando um grama de pluma, é seu grande drama.

Para narrar as desventuras do protagonista o cineasta conta com uma espécie de discurso indireto livre. Utiliza-se, com gênio, de técnicas antiquadas, ou simulações destas, como, por exemplo, a da animação ao estilo do Leste europeu expressando sua imaturidade de maneira muito interessante. Narrador e personagem fundidos.

Mas o que surge na tela é uma trama confusa com ambição de parecer intelectual. As seqüências de sonho parecem ter o único propósito de demonstrar a habilidade técnica de Gondry. São pequenos pedaços desconexos que não pertencem a um todo. Em certos momentos soam canhestras e cansam pela falta de empatia.

Por outro lado, a trama funciona quando Gondry sustenta suas idéias na narrativa convencional. Nesses momentos, o filme ganha em dinamismo e humor, com diálogos afiados e importante significado na dramaturgia. Pena que o elenco não ajude. Gael García Bernal e Charlotte Gainsbourg não possuem a química necessária para convencer sobre seus sentimentos e aspirações. Parecem caricaturas de pessoas do mundo real.

No fim, Gondry tem uma genialidade maior como realizador de videoclipes do que como longa-metragista, uma grande desvantagem para suas ambições.

Spoiler Rating: 76
LBC Rating: ~

Por Mário Abbade (Omelete) e André Tag (Globo)

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