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O musical estréia em Toronto, e Taymor disse que tem consciência da ira que pode enfrentar quando os fãs dos Beatles virem, por exemplo, a animada canção pop "I Want to Hold Your Hand" sendo cantada em ritmo lento por uma estudante apaixonada por outra. "Será que podemos pegar essas canções que pertencem a todos e inseri-las num contexto em que se tornam específicas?", questionou a diretora.
O risco é grande, mas Taymor é vista como visionária criativa e sabe que grandes riscos trazem grandes recompensas, além de suscitar grande repúdio. Ela já conheceu as duas coisas em sua vida profissional.
A diretora de 54 anos criou a versão teatral do desenho animado da Disney O REI LEÃO, que em 1994 ganhou US$ 784 milhões nas bilheterias mundiais e dois Oscar. O musical imaginativo de Taymor recebeu seis prêmios Tony e está em cartaz há dez anos.
Sua versão da ópera A FLAUTA MÁGICA, de Mozart, e seu filme FRIDA, sobre a artista Frida Kahlo, tiveram sucesso moderado. Mas TITUS, sua versão para o cinema da peça de Shakespeare "Titus Andronicus", teve críticas mistas e fracassou nas bilheterias. Seja como for, Taymor conferiu sua marca criativa própria a Shakespeare, e agora fez o mesmo com os Beatles.
ACROSS THE UNIVERSE adapta canções dos Beatles para uma história de amor entre dois jovens que vivem nos turbulentos anos 60. Desde os primeiros anos despreocupados da década até os tumultuados protestos contra a guerra, as canções dos Beatles, desde "Can't Buy Me Love" até "Revolution", ajudaram a moldar a cultura pop.
Jude (Jim Sturgess), um rapaz de Liverpool, viaja aos EUA, onde se apaixona por Lucy (Evan Rachel Wood), uma garota rica cujo irmão, Max, deixou a universidade Princeton e será obrigado a servir o exército. Os três vão para Nova York, onde mergulham no movimento contracultural e pacifista. Nessa trajetória, são guiados por personagens como doutor Robert (Bono).
O ritmo da história é envolvente e Julie Taymor, que já destacara dimensão visual de FRIDA, interligando os principais eventos da vida da pintora mexicana com seus quadros, utiliza o mesmo artifício, criando vinhetas que, por vezes, são muito mais inventivas que todo o resto do filme.
Impossível, não se render às canções de John, Paul, Ringo e George, especialmente quando a diretora consegue relacionar de forma impactante letra da música com o roteiro do filme. É o caso de Let It Be, cantada quando se apresentam todos os malefícios de qualquer guerra. Nesse momento, Julie Taymor se supera e realmente exercita a arte cinematográfica, ou seja, cria algo novo a partir de algo existente.
Spoiler Rating: 77
LBC Rating: 56
Por Bob Tourtellotte (Reuters) e Ubiratan Brasil (Estado)
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