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O trabalho de animação por computador está ainda mais impecável do que nos anteriores e excepcionais TOY STORY e PROCURANDO NEMO, a idéia é promissora, já que embarca de vez em um universo de faz-de-conta, mas as piadas e o domínio do ritmo - que sempre foram a verdadeira base de sustentação para tanto virtuosismo tecnológico - parecem ter morrido no caminho. Nada que incomode as crianças ou adultos obcecados por carrinhos, claro, o que dá quase na mesma.
Fábula moral moldada para as gerações do videogame - ou de filmes como VELOZES E FURIOSOS, o que também dá quase na mesma, CARROS critica esse opressor mundo veloz dos dias de hoje, que impossibilita relações pessoais mais humanas. É uma ode ao passado. De início temos um herói jovem e arrogante, Relâmpago McQueen, carro que é a nova sensação da temporada de corridas. Relâmpago tem pressa, não dá valor ao trabalho em equipe e acredita que o mundo irá girar ao seu redor. Faltando uma única corrida para se tornar o novo campeão da badalada Copa Pistão, ele se perde na auto-estrada para ficar literalmente preso em Radiator Springs, cidadezinha decadente que em seus dias de glória era um movimentado ponto da mítica Rota 66.
Obrigado a prestar serviço comunitário por uma série de contravenções, Relâmpago será forçado a diminuir sua velocidade, aprender a conviver com carros de bom coração que não se impressionam com seus feitos na cidade grande e, enfim, reavaliar seu modo de vida.
Se a metáfora é óbvia, mas inteligente, ao dizer que o homem de hoje está tão desumanizado que mais se parece uma máquina, ela acaba se chocando com a própria história da Pixar, o que diminui a credibilidade dessa mensagem moral. Com a fórmula alta tecnologia + ótimas histórias, a Pixar jogou a tradicional Disney a um relativo escanteio. Com CARROS, é como se dissessem que os carros velhos de tempos antigos (Disney?) guardassem a verdadeira sabedoria, numa espécie de mea-culpa que gira em círculos a 300 km por hora.
Spoiler Rating: 89
LBC Rating: ~
Um comentário:
Carros prova(mais uma vez) que a Pixar é a melhor no que faz. Não digo pela técnica em sí, mas pela forma espetacular como é usada. Nada soa de graça ou mesmo em vão. Tudo é usado para de se contar uma ótima história. E devo dizer que naquele ano John Lasseter e sua equipe conseguiram novamente. No equilíbrio correto entre a comédia, a ação, o drama, enfim à emoção. Já valeria Óscar® pela cena em que nos é mostrado os melhores momentos da Rota 66 ao som de "Our Town" interpretada pelo ótimo James Taylor. Os pés felizes que me perdoem.
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