Vencedor da Palma de Ouro do festival de Cannes em 1996, este é o quinto filme de Mike Leigh - mas foi o primeiro do veterano diretor inglês que chegou ao Brasil, seja em vídeo ou cinema. Mesmo em festivais só passou NAKED, que deu o prêmio de ator para David Thewlis em Cannes. Antes tarde do que nunca. Se o filme não é tão comercial quanto uma fita de Schwarzenegger, certamente é mais profundo, humano e sincero.
E o que é importante: não é assim tão difícil de assistir. Não há quem não veja o filme e não se impressione com a veracidade, a autenticidade das interpretações, dos problemas colocados na fita. Principalmente as mulheres vão se identificar com a maneira de Leigh fazer cinema.
Ele escolhe o elenco seis meses antes e se fecha num lugar com eles, elaborando o roteiro em grupo. Faz muita improvisação e obriga todos os atores a fazer uma biografia completa dos personagens que vão interpretar (mesmo que isso não apareça no filme). E por vezes não diz aos atores o que vai acontecer na cena, deixa rolar para ver o resultado (por exemplo, o primeiro encontro entre mãe e filha fora da estação).
A história não chega a ser assim tão inusitada. É uma mulher infeliz de classe operária britânica (a excelente Brenda Blethyn, que foi votada como melhor atriz em Cannes) que vive sozinha com a filha rebelde até o dia em que recebe um telefonema de uma outra filha que tinha dado para adoção ainda no hospital e tinha esquecido da existência.
Mas para essa moça isso é importante porque se tornou uma mulher bem-sucedida e também solitária. Com um detalhe inesperado: ela é negra, nascida de uma ligação passageira. O que evidentemente irá provocar confusões na família. Tudo isso é contado de uma forma quase documental, humana e tocante. Experimente que você vai gostar.
Spoiler Rating: 88
LBC Rating: ~
Por Rubens Ewald Filho
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