21.8.07

Os Defuntos se Divertem

O coral das aranhas tecelãs podia estar em qualquer uma das óperas-bufas de Gilbert & Sullivan e assim todo o número musical do casamento, que Tim Burton inseriu em A NOIVA CADÁVER. A trilha musical é um esplendor, cheia de invenções e referências (entre elas, "Tannhauser" e o tema de "E o Vento Levou...", de Max Steiner).

Tim Burton tem a faculdade de misturar e fazer sentir, ao mesmo tempo, humor, angústia, divertimento e mal-estar. Seus personagens, sempre muito individuais, solitários, deslocados, parecem referir-se, de certo modo, à teoria da múmia, a boa múmia de André Bazin. Se o cinema é um mundo de fantasmas, é nele que as coisas alegres e vigorosas, acontecem.

A NOIVA CADÁVER mostra um cotidiano triste, cinzento, severo, convencional, hipócrita e desprovido de afeição. Os defuntos, ao contrário, são generosos, calorosos, coloridos e sabem se divertir à beça. Quando voltam entre os vivos, é para trazer-lhes o afeto e a felicidade perdida.

O cinema é o mundo dos mortos, daquilo que não existe mais. Como diz Debbie Reinolds a Gene Kelly em "Cantando na Chuva": "Você é apenas uma sombra". Mas ele detém a vitalidade primordial, infantil, que a realidade destrói.

Os filmes de Tim Burton trazem uma complexa e ambígua nostalgia da infância. Nos seus "bons" adultos ela se prolongou, marcando-os por sua pureza, mas também por uma monstruosidade, ao mesmo tempo simpática e dolorosa. Seu Edward tem mãos de tesoura, e seu Willy Wonka se parece com Michael Jackson.

Spoiler Rating: 86
LBC Rating: ~

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