
Os longa-metragens WALLACE E GROMIT: A BATALHA DOS VEGETAIS e A NOIVA CADÁVER voltam-se para o velho método do "stopmotion". São bonequinhos filmados em cenários miniatura, imagem por imagem. Nick Park e Steve Box criaram "Wallace e Gromit". Amorosos da materialidade manual, deixaram marcas de suas impressões digitais na massa com a qual modelam seus personagens.
Esses desenhos põem em cena um mundo antigo. Tim Burton inventa um neogótico vitoriano, com mansões assustadoras, arcos em ogiva e florestas noturnas cheias de corvos. Wallace e seu cão Gromit se deslocam numa Inglaterra nada moderna, em meio a "gentlemen farmers", "ladies" apaixonadas por jardinagem e toda uma população de aldeia que se prepara para o concurso anual do maior legume. É um humor alimentado pelo "nonsense" puramente inglês, cultivado pelo menos desde os tempos de Gilbert & Sullivan, no século 19, e que atingiu seu apogeu nas formidáveis maluquices de Monty Python.
Em WALLACE E GROMIT, o velho lobisomem vem substituído por um "coelhosomem" grandão. À ironia sobre o filme de terror acrescenta-se uma poética da bricolagem mecânica em cadeia (bem presente também em alguns filmes de Tim Burton), gênero "invenção do professor Pardal". Ela é o termômetro da harmonia: se estiver funcionando, é sinal de que tudo vai bem. O monstro, as máquinas e o mundo têm, no entanto, um princípio substantivo primordial, um substrato, uma "arché" absoluta: a massa de modelagem.
Pé e chinelo, comida e prato, monstro e abóbora, sente-se que tudo se reduz a essa matéria dúctil, familiar desde a infância de cada espectador.
Spoiler Rating: 85
LBC Rating: ~
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