12.2.08

My Winnipeg


Para o cineasta autodidata e professor universitário Guy Maddin, o tempo não afeta o cinema. Pelo menos não o seu cinema que segue fiel às linguagens experimentadas pelos pioneiros na virada do século 19 para o 20. O tempo, nos filmes de Maddin tem influência e decisão somente sobre as questões da memória. E é este precioso elemento que dá vida aos seus filmes quase mudos. Desta vez, Guy Maddin ousou ainda mais ao narrar ao vivo o próprio filme MY WINNIPEG.

No ano passado Guy Maddin ousou igual com o longa BRAND UPON THE BRAIN!, que teve em Berlim a narração de Isabella Rossellini e, em São Paulo, ainda melhor, de Marília Gabriela. Rossellini, aliada ao produtor de Guy Maddin, Jodi Shapiro, abriu a sessão de MY WINNIPEG com uma série de curtas GREEN PORNO, com sátiras bem humoradas sobre a vida sexual dos insetos.

Winnipeg é a cidade natal de Maddin. "Antes de se falar em mudança climática, Winnipeg era considerada a segunda cidade mais fria do mundo; espero que volte a ser de novo com a Sibéria uma das primeiras cidades congeladas", disse o cineasta depois da exibição do filme em Premiere em Berlim. Mas não é só do frio que MY WINNIPEG tem saudades. Como sempre Guy Maddin faz um filme triste e espirituoso como quem alerta também sobre os malefícios da velocidade que altera o tempo natural das coisas e das cidades que se imolam com símbolos da modernidade. Maddin reclama da ausência dos valores simples da vida e, sobretudo, da perda de inocências. Com o seu cinema único ele sugere resgatar a simplicidade da vida olhando para as gerações passadas, com respeito à natureza, à memória e aos sentimentos como valores essenciais e suficientes. Guy Maddin, mais que um cineasta narrando ao vivo seu filme no palco do antigo cine Delphi, mostrou-se um comovente missionário.

Spoiler Rating: 88
LBC Rating: ~

Por Leon Cakoff

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