Como Almodóvar em VOLVER, Coixet faz de Cruz uma atriz muito mais radiante e sedutora na tela. E como se fosse uma confidência entre amigas, o ambiente escuro e paranóico da casa do professor serve para desinibir Penélope fazendo cair o queixo do espectador com tanta generosidade íntima. A atriz é comparada a "Maya Desnuda", do famoso quadro de Velázquez. Seus seios são cantados como os mais lindos do mundo e um dos quadros abusa do ridículo ao imitar revistas masculinas. A atriz aparece despida, de bruços, enquanto a câmera passeia sua lascívia por seu corpo até... terminar nos seus pés que calçam sapatos de saltos finos cor de vinho.
Quem leu o livro do americano Philip Roth ("The Dying Animal") diz que o original é mais picante. Ben Kingsley e Dennis Hopper interpretam dois amigos que se aconselham o tempo todo como agir com mulheres, mas nenhum segue o conselho do outro. E eles também estão ótimos no filme de Coixet. O professor imagina sempre que vai perder a namorada e o complexo da idade começa a corroer a sua mente. A reviravolta final, bem do estilo da diretora, segue parecendo uma boa oportunidade para alçar ainda mais Penélope Cruz ao altar das grandes musas do cinema.
ELEGY não consegue evitar um certo ar burguês acomodado, mas há pequenos papéis cruciais de Peter Sarsgaard, Patricia Clarkson e Dennis Hopper, um sábio uso da trilha musical (muito Bach e Satie) e, sobretudo, há Ben Kingsley...
Spoiler Rating: 70
LBC Rating: ~
Por Leon Cakoff e Agência Reuters
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