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A questão do racismo é complexa e sua abordagem no filme pode soar agressiva em primeira instância, mas é analisada com um realismo e coragem impressionantes, somando mais pontos a CRASH, seja junto aos negros americanos, como os latinos ou árabes - principalmente após os fatos acontecidos após 11 de setembro. O preconceito acaba sendo um tema incessantemente abordado durante toda a película, que marca a estréia do canadense Paul Haggis - roteirista do premiado MENINA DE OURO (2004) - na direção.
Haggis trabalha com esperteza a insegurança e o olhar superficial que se tem ao viver em uma metrópole como Los Angeles. A história, escrita pelo diretor em parceria com Bobby Moresco, não mostra um retrato maniqueísta da realidade. Não há culpados, nem vítimas: todos estão à mercê do medo e da imprevisibilidade. O cineasta usa a superficialidade das relações na era moderna para despejar personagens em busca de sentidos e emoções, nem que para isso seja preciso um violento esbarrão no trânsito.
A narrativa começa em um desses acidentes de trânsito. A partir daí, são mostradas as 36 horas que antecedem o momento da tragédia. Entram no contexto do enredo Jean (Sandra Bullock), uma dona de casa egocêntrica, e seu marido Rick (Brandan Fraser), um influente promotor público; Graham (Don Cheadle) e Ria (Jennifer Esposito), um casal de detetives avessos à corrupção; o renomado diretor de televisão Cameron (Terrance Howard) e Christine (Thandie Newton), sua esposa; Daniel (Michael Pena), um chaveiro mexicano; Farhad (Shaun Toub), um lojista persa desmiolado; Peter (Larenz Tate) e Anthony (Chris "Ludracris" Bridges), dois ladrões de carros da periferia; e Tom Hansen (Ryan Phillippe), um policial novato aprendendo as lições da rua com Ryan (Matt Dillon), um veterano racista. Suas histórias são entrelaçadas em uma montagem flexível e empolgante.
A atuação do elenco é excelente, representando convincentemente os papéis difíceis reservados, desde os atores menos conhecidos até os medalhões como Sandra Bullock, Brendan Fraser, Matt Dillon, Ryan Phillippe e Don Cheadle. Afinal, não são apresentados protagonistas. Todos os personagens são obrigados a integrar e interpretar o balaio da discórdia.
Um brilhante debut de Paul Haggis, fazendo muito com pouco orçamento (US$ 6,5 milhões), CRASH entra seguramente, e com folga, na lista de melhores filmes de 2005.
Spoiler Rating: 88
LBC Rating: 48
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