5.2.08

As Aventuras de Tom Jones


Tony Richardson, produtor e diretor do filme, teve dificuldades em conseguir quem o financiasse. A United acabou bancando e distribuindo aquela que foi uma das mais caras produções inglesas até então. Mas o risco valeu a pena. O filme proporcionou grandes bilheterias em todo o mundo e foi o primeiro filme inteiramente realizado na Inglaterra a ganhar um Oscar principal, depois de HAMLET, 15 anos antes.

Passada no século 18, em Somerset e Londres, a historia é sobre o filho ilegítimo de uma criada, o jovem Tom (Albert Finney, em vibrante interpretação), personagem que mescla ingênua inocência com alegre imoralidade. A disposição do publico em aceitar um herói tão ambíguo e contraditório mostra que já estava preparado para fugir dos clichês e convenções da maior parte das produções que Hollywood exportava para o mundo.

Adotado por um fidalgo, Tom acaba expulso de casa e leva uma vida de aventuras, nas quais as mulheres desempenham importante papel, ate que, no final, acusado injustamente de roubo, consegue escapar com força.

À primeira vista, John Osborne não parecia a pessoa mais indicada para adaptar às telas o romance pitoresco de Henry Fielding. Autor de peças de protesto social, ele ficara conhecido como o mais franco dentre os dramaturgos do movimento conhecido como dos "Angry Young Men". Mas, aqui, provou sua versatilidade como escritor, ao mesmo tempo em que descobriu novas maneiras de expor idéias, sem abrir mão da consciência social que marcava suas obras. E isso foi possível porque Fielding também estava interessado em sátira social. A construção de personagens como Western (Hugh Griffith) e outros representantes da nobreza da época deu chance para que Osborne escrevesse um roteiro de comedia, mas que contem, igualmente, serias observações sociais.

A direção de Richardson procurou se adequar ao espírito do texto. E ele fez isso usando (e, às vezes, até abusando) muitos recursos cinematográficos - truques de lentes, câmeras rápidas, congelamento de imagens, montagem frenética e personagens que falam diretamente para a câmera.

Algumas seqüências são excelentes, como a inicial, onde o bebê Tom aparece pela primeira vez; a da caça a raposa através dos bosques e campos, filmada como uma comedia muda de Keystone e intercalando tomadas com a câmera na mão com outras de helicópteros; a da refeição que Tom faz com Mrs. Waters (Redman), na estalagem, prenuncio de uma relação sexual entre os dois, quando Tom cobre a câmera com o chapéu, para não serem vistos pelos espectadores.

Boa solução também é a ocasional e espirituosa narração de Michael MacLiammoir, comentando os acontecimentos. O filme marca a estréia de Lynn Redgrave (a caçula das Redgrave), ao lado de sua mãe. Rachel Kempson.

Spoiler Rating: 72
LBC Rating: ~

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