Não subestime a dor que 21 GRAMAS evoca e, por tabela, provoca. AMORES BRUTOS, o primeiro longa do mexicano Alejandro González Iñárritu, machucava também, mas pelos golpes incisivos de violência (física e psicológica) a quem eram submetidos os homens e animais. Aqui, a pancada é lenta, silenciosa e, ao final, bate bem fundo na alma. Em resumo: escolha outro filme se o objetivo for apenas um programa preliminar para a pizza.
Gonzales e o roteirista Guilhermo Arriaga repetem a parceria com base em outra narrativa entrecortada. Três núcleos dramáticos vão se alternando: o de Jack (Benicio Del Toro, oscar de coadjuvante por TRAFFIC), ex- presidiário que se tornou fanático religioso; o de Cristina (Naomi Watts, a loira de KING KONG), dona de casa de classe média e mãe de duas meninas; e o de Paul (Sean Penn, talvez ainda melhor do que em SOBRE MENINOS E LOBOS), professor de matemática casado com uma francesa.
Além de passar de um núcleo para outro e de, às vezes, juntá-los no mesmo fragmento, o filme também vai e volta no tempo. Com isso, confunde-se por boa parte do trama o que é causa e o que é consequência. Até que o evento unificador das três histórias seja capaz de as fundir em apenas uma, alguns enganos terão provavelmente iludido a compreensão do espectador.
Cerebral em sua construção, esse ambicioso (e pretensioso) exercício narrativo é sentimental, emotivo, quase esotérico em sua proposta. Saber de onde vem o título ajuda: 21 gramas seriam, de acordo com uma experiência científica do início do século 20, o que o corpo de um ser humano perde no instante que morre. Ou, na tradução espiritualista, o peso da alma. Há algo também de TUDO SOBRE MINHA MÃE, de Pedro Almodóvar, nesse drama sombrio e dilacerante em que morte e renascimento dialogam nos sentidos literal e figurado dos termos.
Spoiler Rating: 84
LBC Rating: ~
20.12.07
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