11.11.07

O Caçador de Pipas

Sabe aqueles filmes que não dependem de atores, efeitos ou gêneros, mas simplesmente lhe absorvem pela estória contada? O CAÇADOR DE PIPAS de Marc Foster, baseado no best-seller homônimo é exatemente esse tipo de filme.

O filme virou notícia por causa da cena de estupro que envolve um dos atores-mirins. Isso resultou em um atraso de seis semanas no lançamento nos cinemas, tempo necessário para que o estúdio tirasse seus três meninos-astros do Afeganistão, para protegê-los de possíveis retaliações locais. Controvérsias à parte, o longa-metragem é uma fiel adaptação do livro e deve ser reconhecido pela crítica, o público e em premiações pelo mundo.

A história é contada em três partes distintas. A primeira, ambientada no Afeganistão em 1978, mostra a amizade de dois garotos: Amir (Zekeria Ebrahimi), que mora com seu pai, Baba (Homayoun Ershadi), um rico e sofisticado viúvo, e Hassan (Ahmad Khan Mahmidzada), filho de um empregado de Baba. Os dois meninos de 12 anos têm uma forte ligação, graças a sua paixão em comum por filmes de ação americanos e por pipas.

Mas quando Hassan é agredido e violentado por um grupo de valentões do bairro – Forster mostra esta cena de uma forma discreta, mas eficiente –, Amir fica com medo e não consegue ajudar o amigo. Sua falta de atitude o persegue por anos, até mesmo depois que ele e seu pai se mudam para a Califórnia, nos EUA, após a invasão soviética.

Uma década depois, o agora adulto Amir (Khalid Abdalla) vira um aspirante a escritor. Quando ele conhece a filha de outro expatriado afegão, eles se apaixonam e se casam em uma cerimônia tradicional.

Na última parte, passada em 2000, Amir já é um autor bem-sucedido e feliz, apesar da morte de seu pai e de não ter conseguido ter filhos. Mas sua paz é interrompida depois que ele recebe um telefonema de um antigo amigo da família, que lhe conta que Hassan morreu e deixou um filho abandonado em um orfanato. Atormentado pela culpa, Amir viaja à perigosa Cabul para resgatar o menino e trazê-lo para os EUA. Os dois desenvolvem uma conexão surpreendente.

E assim, O CAÇADOR DE PIPAS age profundamente no público. Absorvendo-o em sua estória, por seu destino, pela maneira como esses indivíduos se tornam tão importantes que nos forçam a deixar de pensar em “afegãos” como uma simples categoria de corpos contados, nas trágicas noticias dos jornais.

O filme é narrado em sua maior parte em inglês, embora muitas cenas estejam em Dari, um dialeto afegão. A performance dos jovens atores que interpretam Amir e Hassan são extremamente naturais, convincentes e poderosas. São desempenhos que os “adultos” invejariam pela convicção e força. Ahmad Khan Mahmoodzada, como o jovem Hassan é particularmente impressionante, com sua seriedade quase melancólica.

E uma das áreas que o filme mais se sucede é na descrição do vôo da pipa. Sim, há efeitos especiais. Elas representam toda a liberdade e alegria que as pipas provocam em seus donos. E uma certa nostalgia paira no ar quando elas entram em cena. Nós estamos lá em cima...Nós estamos representados em cada pipa. É nossa infância representada ali. Contudo, há uma diferença fundamental entre Amin e Hassan. Talvez, a triste sabedoria dos olhos de Hassan venha da certeza que tudo cai por terra, cedo ou tarde...

Spoiler Rating: 91
LBC Rating: ~

Da Redação do Hollywood Reporter e Robert Edge

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