
Filmes como LEÕES E CORDEIROS e NO VALE DAS SOMBRAS demonstram não só o grau de mobilização de profissionais da indústria cinematográfica em torno dos erros da política externa norte-americana mas também, e não menos importante, a idéia de que o grande público do mercado interno estaria pronto a ouvir esse tipo de discurso.
O que talvez cale fundo por lá, entretanto, não necessariamente encontra a mesma acolhida fora dos EUA. LEÕES E CORDEIROS ilustra bem as implicações políticas de filmes norte-americanos que, ao lavar a roupa suja de casa, se dirigem prioritariamente a um público inserido no mesmo cenário -e que entende a ficção como algo a respeito de "todos nós". Aqui no Brasil, são vistos muitas vezes como um problema "deles".
Para amplificar o efeito, Robert Redford (em seu sétimo longa-metragem como diretor) adota o tom professoral de sermão, com uma didática envelhecida que, enfraquecida pelo esquematismo, quase corre o risco de ser contraproducente.
A responsabilidade deve ser dividida, na pior das hipóteses, com o roteirista Matthew Michael Carnaham, que assina também O REINO, também sobre a intervenção dos EUA no Oriente Médio.
Três ações paralelas se desenvolvem durante poucas horas. Em Washington, um ambicioso senador republicano (Tom Cruise) concede entrevista a uma repórter veterana (Meryl Streep) e parece disposto a lhe contar um segredo de Estado. No Afeganistão, um grupo de soldados executa missão perigosa. E, na Califórnia, um professor (Redford) procura convencer um aluno talentoso, mas desinteressado de suas aulas, a se dedicar mais ao curso e, no futuro, à vida pública.
As conexões entre os núcleos se revelam à medida que as histórias se mostram braços de uma única história e, por extensão, da História, com "h" maiúsculo. As intenções podem ser as melhores, mas a execução não faz jus a elas.
Spoiler Rating: 76
LBC Rating: 61
Por Sérgio Rizzo (Folha)
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