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A vida não é feita de adições, mas de supressões, como se o mundo infantil começasse pleno para, aos poucos, se esvaziar. Desse vazio, dessas promessas de que o mundo nos enche para depois nos desiludir. Eis então um olhar bem pouco romântico da infância. E talvez sua localização seja bem mais exata do que parece num primeiro momento: o lugar de MUTUM é a infância, isto é, a perda.
Dado o desafio de transpôr um texto de João Guimarães Rosa em filme, a diretora Sandra Kogut criou um universo atemporal, uma história de olhares onde as palavras cedem espaço aos sentidos. São pequenos sons. Pequenos gestos que refletem um modo de vida, um cotidiano mais "terra à terra".
É algo bem sútil. Tudo é sugerido. Boatos são escutados. Nada é descritivo. Mas desses sons, gestos e silêncios, o filme nos leva para o mundo interior. Lugares que representam estado de espírito. E a camêra persegue Thiago durante toda fita, descobrindo a estória com o menino, criando uma linguagem em tom documental.
Numa história onde o tempo se dilata, MUTUM é um mundo de sensações, e particularmente as sensações de Thiago. Um menino míope que descobre como olhar o mundo.
Spoiler Rating: 85
LBC Rating: 76
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