14.11.07

Dogville

DOGVILLE é assumidamente uma experiência, uma fita fora dos padrões tradicionais. Basicamente seria uma espécie de teatro filmado, só que com um roteiro original do diretor. Por sinal uma história excelente passada nos EUA, país que ele não conhece nem pretende conhecer, mesmo assim está situando a ação lá, numa cidadezinha das Montanhas Rochosas. Aliás, sua intenção é prosseguir sua experiência com mais dois filmes, se possível com o mesmo elenco, continuando a contar histórias semelhantes. A idéia foi rodar tudo em estúdio, onde foi montado um grande praticável, onde existe uma rua central de uma cidade chamada Dogville. Não há casas, apenas marcas no chão e alguns objetos de cena. Ou seja, tudo é muito radical, estilizado. Mas o curioso é que depois de certo tempo a gente até esquece que não tem as paredes e os objetos, acaba-se centrando no excelente elenco (poucos tem o que fazer, Lauren Bacall é dona de uma loja, o sueco Stella Skarsgard, um plantador de maçãs casado com Patricia Clarkson, Ben Gazzara é um cego, James Caan é o pai da heroína, Chloe Sevigny uma rival dela e assim por diante).

Mas a fita foi escrita especialmente para Nicole Kidman. Linda e boa atriz a danada. Ela faz tudo com enorme sinceridade e ajuda a segurar um projeto extremamente ousado. Ela faz a heroína, que é uma moça em fuga, perseguida pela polícia e o FBI, que consegue se refugiar numa cidadezinha com a ajuda de um rapaz (o inglês Paul Bettany, a figura imaginária de UMA MENTE BRILHANTE). A princípio eles são relutantes em aceitá-la (a fita é toda dividida em capítulos e cenas com interrupções, que acentuam ainda mais o lado teatral). Mas quando passa a lhes prestar serviços, vão mudando de idéia. Até quando mudam de idéia e passam a se aproveitar dela, de todas as maneiras, por vezes brutais (todos os homens a violentam com regularidade).

Como em outros filmes de Trier (ONDAS DO DESTINO e DANÇANDO NO ESCURO) a mulher é uma vítima da sociedade e da maldade dos homens. Aliás, o filme dá uma visão pessimista (ou realista) do ser humano, que é maldoso, egoísta, estúpido e grosseiro. Ou brutal em seu egoísmo. Isso torna o filme penoso de se assistir. Mas felizmente dessa vez, Trier permite que a personagem dê uma volta por cima, de uma forma satisfatória para a platéia (que não posso contar, logicamente, mas é um roteiro bem formulado e inteligente). O filme parece imbatível. Diretor famoso e importante, projeto original e ousado, elenco fantástico e Nicole maravilhosa.

Spoiler Rating: 79
LBC Rating: ~

Por Rubens Ewald Filho

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