24.10.07
A Valsa
Há cinco anos, um dos destaques da Mostra foi ARCA RUSSA, filme em que Aleksandr Sokúrov radicalizou a discussão sobre planos-seqüência, ou seja, longas tomadas sem cortes, e contou uma história de 90 minutos por meio de um único plano contínuo, tornado viável graças ao digital, que permite essa duração maior. A moda ainda não pegou, mas já não causa mais tanto espanto encontrar filmes em que a ação sem pausa parece fazer com que o olho não descanse. É o caso do italiano A VALSA, de Salvatore Maira.
O que ele apresenta de curioso é utilizar o recurso para contar uma história que viaja no tempo, ou seja, os mesmos personagens aparecem em épocas distintas. A VALSA acompanha a trajetória de uma empregada de um hotel, que procura auxiliar duas amigas - uma muçulmana, que sofre com o preconceito, e outra inconformada com suas dificuldades financeiras. Ao mesmo tempo, ela se encontra com um homem no quarto de serviços do hotel e juntos descobrem estar em uma situação na qual todas as certezas podem ruir.
As novas descobertas acontecem quando passado e presente são confrontados e, para isso, Maira faz um verdadeiro malabarismo com a câmera para que a atriz Valeria Solarino apareça, por exemplo, com uma roupa e uma vasta cabeleira loira e, segundos depois, ressurja com trajes de arrumadeira e um cabelo mais curto. Apesar do virtuosismo, que chega a distrair momentaneamente a atenção do espectador, o diretor oferece uma boa história, em que a humanidade dos personagens finalmente se impõe, a despeito da tecnologia para acompanhar seus passos.
Spoiler Rating: 64
LBC Rating: ~
Por Luis Carlos Merten (Estadão)
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