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A atriz canadense Sarah Polley, 28, faz sua bela estréia na direção de longas com este drama que capta com riqueza de detalhes aspectos sutis da velhice. Na seleção proposta pela Mostra de SP, Polley está ao lado de outros atores, como Jane Birkin, Ben Affleck e Gael García Bernal, que resolveram pular para a direção. Mas o que faz um ator querer mudar de posição?
"Atuar é se doar completamente para a visão de uma outra pessoa - seu corpo e coração se dedicam a ajudar alguém em quem você acredita a criar algo que apenas ele pode realmente ver", diz Polley. "Dirigir é o oposto - um divertido acúmulo de responsabilidades - e é uma emocionante colaboração que requer toda a sua experiência."
Assim como outros atores que toparam o desafio de mudar de lado, Polley também já ficou sob a tutela de grandes cineastas. "Trabalhar com Atom Egoyan (em filmes como O DOCE AMANHÃ e EXOTICA) foi a experiência que mais me influenciou. Por causa dele, eu descobri a alegria de fazer filmes. Ele tem sido um constante mentor para mim."
No entanto, ela cita outro diretor como influência. "Quis ser diretora quando eu tinha 20 anos. Vi ALÉM DA LINHA VERMELHA, de Terrence Malick, e percebi o poder que o filme tinha para afetar as pessoas de formas inesperadas."
Com pouca idade e experiência -ela já dirigiu curtas- comparado ao seu elenco, Polley não se sentiu intimidada ao filmar LONGE DELA, longa baseado no conto "The Bear Came Over the Mountain", de Alice Munro. Julie Christie, 66, e Gordon Pinsent, 77, fazem o casal apaixonado que está junto há mais de 40 anos, mas que precisa se separar quando a primeira começa a sentir o mal de Alzheimer avançar. Por iniciativa própria, ela pede para ser enviada a uma casa de repouso. Lá, aos poucos, irá se esquecer de seu marido e encontrar um novo namorado.
"Foi difícil convencer Julie a fazer o filme, porque ela não gosta muito de atuar!", conta Polley. "Ela é ao mesmo tempo sábia, jovem e misteriosa. Ela também me ajudou e me deu confiança como cineasta."
LONGE DELA, no entanto, tem uma leveza, um humor sutil que o impede de cair na trincheira dos filmes de desgraças alheias. Como Polley fez para entrar em contato com tais questões? "Tive várias experiências com a minha avó, que não tinha Alzheimer, mas teve uma forma de demência. Passei muito tempo com ela na casa de repouso, e as coisas que testemunhei lá me fizeram querer fazer este filme. Queria que o filme falasse sobre a memória em um sentido maior."
Spoiler Rating: 85
LBC Rating: ~
Por Bruno Yutaka Saito - Folha de São Paulo
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