29.10.07
Hana
Os apreciadores da discrição de NINGUÉM PODE SABER e DEPOIS DA VIDA, os dois filmes que fizeram do japonês Hirokazu Kore-eda um dos nomes cinematográficos de mais prestígio do país, podem ver com reservas seu mais recente longa, HANA (HANA YORI MO NAHO). Kore-eda abraça um dos gêneros mais tradicionais do cinema japonês, o filme de samurai, e usa com ênfase a trilha sonora e o humor.
"Gostaria de fazer um filme de época diferente dos outros. No Japão, depois de O ÚLTIMO SAMURAI, houve um "boom" de filmes de samurai, mas sempre o vendo como destemido, invencível", conta ele. "Achei conveniente fazer diferente, um samurai humanista, que assume as próprias fraquezas."
HANA tem como protagonista o samurai Soza (Junichi Okada), que vai para Edo (a antiga Tóquio) em busca de vingança contra o assassino de seu pai. Acaba morando em uma vila miserável e se integra à pobre comunidade, especialmente com uma viúva, Osae (Rie Miyazawa). Não tem inimigos nem guerras e passa os dias sendo professor de matemática e cuidando de pássaros.
"Ambientei o enredo em 1702 porque foi uma época em que não se precisava mais de samurais. Justamente naqueles anos do Período Edo houve um grande renascimento cultural no país, com essa cultura da guerra em decadência", diz o diretor. "Os samurais eram decorativos, nunca precisavam desembainhar a espada."
Apesar da música e do humor insistentes -"não queria que o público achasse que veria mais um filme chato do gênero", destaca-, ele enxerga elementos comuns entre "Hana" e seus outros filmes. "A vida depois de uma grande perda é central em meus filmes. Me interessa enfocar esse processo."
Kore-eda avalia que "Ninguém Pode Saber" o tornou conhecido em diversas partes do mundo, principalmente após o prêmio de melhor ator dado no Festival de Cannes, em 2004, a Yuya Yagira, na época com 14 anos. "Foi muito emocionante a vitória, mas, como diretor, acho que as cinco crianças mereciam ganhar o prêmio."
Spoiler Rating: 70
LBC Rating: ~
Por Mário Gioia (Folha)
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