29.10.07
Estômago
CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS (2005) e O CÉU DE SUELY (2006) já haviam destacado a ótima presença de cena do João Miguel. Em ESTÔMAGO, ele assume com desenvoltura a responsabilidade de servir como âncora solitária da trama.
A suposta "cara" de nordestino rende uma série de brincadeiras (boa parte, típica do preconceito cordial brasileiro) com seu personagem, o migrante Raimundo Nonato, que chega sem um tostão à cidade grande e arruma um subemprego como cozinheiro em lanchonete de terceira categoria.
Ali, aprende a fazer salgados, sofre nas mãos do patrão mesquinho (Zeca Cenovicz), conhece uma prostituta (Fabiula Nascimento) e um dono de restaurante (Carlo Briani) que o adota como aprendiz. Em paralelo, a trama avança no tempo e o encontra na prisão, agora como Nonato Canivete, cumprindo pena por não se sabe o quê.
Do início ao fim, o show é de Miguel. A empatia que o filme desperta deve muito à ingenuidade e ao deboche com que Nonato impregna suas duas trajetórias de integração ao meio, sem que a do passado (como a estrutura talvez sugira) seja mais importante do que a do presente. Ao contrário, aliás.
Além do ator principal, o segundo longa de ficção de Marcos Jorge (que co-dirigiu CORPOS CELESTES) vive, sobretudo na segunda metade, de soluções engenhosas do roteiro, mas renuncia a um pouco mais de identidade própria em nome de embalagem "genérica", traduzida pela trilha sonora reiterativa e pelo visual "limpo", talvez asséptico demais para as circunstâncias, lembrando O CHEIRO DO RALO.
Spoiler Rating: 75
LBC Rating: ~
Por Sérgio Rizzo (Folha)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário