


A consciência e o comportamento humano diante de uma situação amoral. Esse é o tema preferido do veterano cineasta Sidney Lumet, como se pode ver em seu novo projeto, ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE VOCÊ ESTÁ MORTO. Num melodrama cheio de suspense, o filme traz a assinatura de Lumet no dilema de dois irmãos cujo "plano perfeito" tem um desfecho desastroso.
Ambos planejam assaltar a joalheria de seus pais. Hank é um perdedor, um encostado, enquanto o convencido Andy é um drogado cuja carreira numa grande corporação está prestes a ruir (E a mulher de Andy tem um caso com Hank). O plano parece fácil...O crime é perfeito: Sem armas, sem violência, sem vítimas. E tudo corre aparentemente bem, até um cúmplice do esquema ignorar as regras e ultrapassar os limites, desencadeando uma série de eventos que não deixarão ninguém impune.
Em cena, o talento narrativo de Lumet, que conta e reconta a trama pela visão de cada um dos envolvidos avançando e retrocedendo no tempo. A cada nova abordagem, uma peça nova do quebra-cabeças é apresentada. A cada retomada, o espectador compreende a motivação de cada personagem. Pouco a pouco, eles vão experimentando sentimentos cada vez mais claustrofóbicos e passam a cometer atos cada vez mais descabidos e desesperados.
E o estilo enxuto do diretor vem afinado com interpretações hipnotizantes, a começar com Phillip Seymour Hoffman como Andy e Ethan Hawke como Hank. São atuações calcadas na combinação da cordialidade e agressividade. Albert Finney, que faz o pai dos dois, destila camadas densas de sofrimento sem cair no clichê. Marisa Tomei completa o quadro como uma mulher amargurada à procura de afeto sem medir as implicações de seus atos. Um misto de beleza e insegurança.
E assim, resgatando o espírito do cinema dos anos 70, Lumet questiona mais uma vez a auto-imagem da América.
Spoiler Rating: 92
LBC Rating: ~
Por Marcelo Hessel (Omelete) e Leon Cakoff
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