A culpa e o remorso são predominantes no segundo filme do diretor da Nova Zelândia Andrew Dominik, de 40, co-produzido e protagonizado por Brad Pitt, que interpreta o bandido Jesse James, em THE ASSASSINATION OF JESSE JAMES BY THE COWARD ROBERT FORD. O filme, que concorreu com outras 22 produções pelo Leão de Ouro, descreve a relação que vai se criando entre o célebre bandido, visto como um herói por alguns, por roubar dos ricos para distribuir entre os pobres, e seus comparsas, com os quais se comporta como um tirano.
De forma muito coerente com o que ocorre hoje nos EUA (e no mundo), Jesse James é um bandido sanguinário que elimina friamente seus inimigos, convencido de que até os parceiros de roubo querem se aproveitar de sua glória. Um desses aliados - em quem Jesse James mais confia - será o homem que vai matá-lo pelas costas. Nenhuma surpresa - o assassinato já está referido no título do filme de Dominik.
Mas a lenda adquire características bíblicas com o assassinato, retratado de tal forma que lembra o sacrifício de Jesus, traído por Judas, diante dos olhos de Maria Madalena. Apesar da fotografia cuidadosa, da narração fora de cena e da encantadora presença de Brad Pitt, a história da vida privada do bandido - bonito, forte e carismático é excessivamente longa (com três horas de duração).
O que há de mais fascinante nesta nova versão (realista) do mito de Jesse James é que o assassino, esperando a recompensa da sociedade - afinal, ele eliminou seu inimigo público número 1 -, colhe o desprezo. É muito perturbador. Brad Pitt ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza e o júri não errou, embora também pudesse ter premiado Casey Affleck e Sam Rockwell, que estão no elenco.
Spoiler Rating: 88
LBC Rating: 67
Por Elíseo García Nieto e Antonio Lafuente (Agência EFE), Luis Carlos Merten (Estado) e redação da Agência AFP
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