15.8.07

Um Novo Mundo

Em POCAHONTAS, a beleza não é um propósito. Muito menos um acréscimo, um "embelezamento", um "a mais". Nem sequer, rigorosamente, pode-se falar em bela fotografia, bela paisagem ou belas imagens. Porque não há, de um lado, o filme e, de outro, a beleza. É algo de mais fundo, de mais denso: POCAHONTAS é feito de beleza. Nela, todas as coisas se irmanam: a natureza, os homens, a civilização, modelados nessa mesma matéria, participam de um mesmo todo, de um mesmo ser. Os indivíduos não são caracterizados por nuanças psicológicas ou por grandezas heróicas.

Pode-se ver uma oposição entre o paraíso aquático intocado dos indígenas e o inferno da civilização: é esplêndida a maneira com que as vastas paisagens são reveladas no início, de uma amplidão sem fim; como elas são aprisionadas no recorte das janelas, nas frestas das paliçadas construídas pelos europeus; como contrastam com a natureza livre das novas terras.

POCAHONTAS não denuncia, porém, nem civilização nem barbárie; não exalta nem o éden original nem a cultura dos europeus. Também não tenta uma versão crítica dos acontecimentos que tiveram Pocahontas como heroína. Nenhuma imposição realista. História e mito mostram-se os mesmos, num mesmo tecido cujas fibras são difíceis de distinguir. Também os afetos não se deixam analisar: eles surgem, existem, não mais. POCAHONTAS revela sentidos impossíveis de serem ditos.

Spoiler Rating: 72
LBC Rating: ~

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