
Após o grande sucesso de "Todo Poderoso", o roteirista Steve Oederek recicla os personagens criados por Joel Cohen e Alec Sokorow para contar uma nova história. Desta vez, sem Jim Carrey e com o personagem Evan (Steve Carrell, de "O Virgem de 40 Anos") deixando de ser apenas um coadjuvante (ele era o divertido apresentador de telejornal) para assumir o papel principal. Deus continua o mesmo: Morgan Freeman. Mesmo porque substituir Deus seria uma heresia. O diretor também é o mesmo Tom Shadyac, que não dirigia nenhum longa para cinema desde "Todo Poderoso".
Agora, Evan larga seu emprego de âncora de televisão para se dedicar à carreira política, mudando-se para Washington com a esposa e três filhos. Ele se elegeu deputado com o slogan “Vamos Mudar o Mundo”. Promessa é dívida: Deus em pessoa cobra o cumprimento da plataforma eleitoreira e ordena que Evan construa uma arca igual à de Noé para se prevenir de uma gigantesca inundação que estaria para acontecer. As situações que se seguem são deliciosamente previsíveis. Num primeiro momento, Evan acredita estar ficando louco; no próximo, todos acreditam que ele está louco.
Como não poderia deixar de acontecer neste tipo de filme, a moral da história aponta para a valorização dos laços familiares em detrimento dos falsos valores da sociedade consumista. Ou coisa parecida. Há quem ache brega; há quem ache emocionante. O fato é que este tipo de mensagem está presente em toda a obra do genial Frank Capra e ninguém na época achava cafona. Hoje, num mundo mais cínico, há menos espaço para esta espécie de conteúdo. Mas "A Volta do Todo Poderoso" não é nem tão piegas quanto poderia parecer, nem tão genial quanto um Capra. É um entretenimento digno, simpático e eficiente, o que não é pouca coisa para as comédias atuais. Steve Carrell tem o carisma e o humor necessários ao papel, mostrando que deverá de fato estourar como o novo "Agente 86", que em breve estará nos cinemas.
Talvez, quando for lançado em DVD, o making of de "A Volta do Todo Poderoso" se torne ainda mais atrativo que o próprio filme. Afinal, deve ser no mínimo interessante ver como a produção conseguiu orquestrar a supervisão, os cuidados e o treinamento das 177 espécies animais que aparecem em cena. Isso sem falar na construção da arca em si, que demandou fundações de concreto para erguer uma estrutura de madeira de 1,8 tonelada, resultando numa embarcação de 24 metros de largura por 18 altura e 83 de comprimento, posteriormente aumentada digitalmente para 137 metros.
Porém, todo este altíssimo investimento em produção – na ordem de US$ 175 milhões – pode demorar para retornar, já que no primeiro mês em cartaz nos cinemas norte-americanos, A Volta do Todo Poderoso não chegou a faturar US$ 100 milhões. A salvação pode vir com DVD... Se Deus quiser.
Spoiler Rating: 62
LBC Rating: 37
Por Celso Sabadin
Um comentário:
Considero esse filme ligeiramente superior ao original, mas tão sem graça quanto este. O melhor é que trata-se de uma fita para a família, com 'lição' e tudo mais, contudo nada justifica o orçamento absurdo (nem mesmo o elenco, quando mais aqueles efeitos fraquíssimos).
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