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São os anos soviéticos conhecidos como “os anos de estagnação”. Há um leve sopro de liberdade no ar que se manifesta na coragem dos jovens dançarem versões domésticas de rock em discotecas improvisadas. Aliás, tudo em volta parece improvisado. Mesmo a sagrada vodka das almas desesperadas é destilada clandestinamente, pois na URSS o inconformismo sempre pareceu se manifestar e se concentrar contra o racionamento do álcool.
O título do filme corre à margem da terrível ação que o espectador irá testemunhar: o seqüestro e o estupro de uma jovem, filha do dirigente do partido comunista provincial. CARGO 200 é o código dos aviões que carregam cadáveres de soldados que periodicamente retornam das frentes de combate no Afeganistão.
A única surpresa do filme ao seguir personagens sem caráter é ver que a barbárie vai se superando sem compaixão. A crítica russa Maria Kuvshinova que “o objeto persistente da nostalgia socialista – a União Soviética – é apresentada aqui como um cadáver em decomposição”. O desmoronamento de todos esses ideais humanistas tem um personagem-chave – por mais incrível que pareça, na pele de um professor universitário de ateísmo... O filme termina com a sua ida a uma igreja decadente com o propósito de se batizar...
E também um dos melhores. Deve ser um dos filmes mais chocantes entre todos da seleção.
Spoiler Rating: 71
LBC Rating: ~
Por Leon Cakoff - Mostra SP
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