
O longa é um dos raros filmes com crianças em que o pequeno não rouba os holofotes --eles são quase todos de Smith, o pai. O ator tomou para si o projeto de levar às telas a história do homem que, dormindo em abrigos para moradores de rua, lutou por uma vida melhor. Para isso, chamou o diretor italiano Gabriele Muccino ("O Último Beijo", "No Limite das Emoções").
Em sua relação de camaradagem com o filho, o personagem de Smith envolve o espectador com o forte sentimento de amor paterno, com todas as suas responsabilidades, sofrimentos e alegrias. "Golpe baixo" para quem é e para quem quer ser pai.
Em outra manobra tão conhecida --e eficiente-- quanto, uma sucessão de infortúnios leva a dupla a situações degradantes. "Gardner foi realmente um f...", vem à cabeça do espectador, que começa a se achar um sortudo mesmo que lhe falte dinheiro para o ônibus.
Smith leva o público a se solidarizar com o personagem que não tem onde dormir, mas sonha em trabalhar na bolsa em San Francisco. Sim, se um país como os Estados Unidos inclui em sua Declaração de Independência o direito à busca da felicidade ("life, liberty and pursuit of happiness") como um dos direitos inalienáveis de seus cidadãos, essa felicidade naturalmente está ligada ao dinheiro.
Com Gardner, o ator foi --justamente-- indicado ao Oscar, cuja cerimônia acontece em 25 de fevereiro. Concorrerá com os matadores Leonardo DiCaprio ("Diamante de Sangue") e Forest Whitaker ("O Último Rei da Escócia"), além de Ryan Gosling ("Half Nelson") e Peter O'Toole ("Venus"). Se levar a estatueta, alcançará outro objetivo, também com justiça: mostrar que já pode ser levado a sério.
Spoiler Rating: 84
LBC Rating: 68
Por Mary Persia - Folha On Line
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