12.2.08

Happy-Go-Lucky


HAPPY-GO-LUCKY é o nome do filme de Mike Leigh - Uma expressão idiomática britânica que descreve o tipo de pessoas que passam pela vida sem preocupação, sem problemas, sem "ralação", como se vivessem no melhor dos mundos.

E Poppy é assim: Uma professora solteira em Londres que nunca se contagia pelo mau-humor de seu rabugento diretor, sua dominadora professora de flamenco, um balconista mal-humorado numa livraria ou sua irmã, grávida e infeliz. Sempre vestida de cores berrantes, sacolas friques, brincos vermelhões e botas de pele de cobra, ela anda por Londres como quem salta por campos floridos. E quando lhe roubam a bicicleta (logo no começo do filme) o pior que ela consegue dizer: "Ora bolas. Nem tive tempo de me despedir dela."

Poppy tem tudo para nos irritar - Como é possível que alguém seja tão irresponsável? Pensamos que Mike Leigh, cansado do niilismo rebarbado de seus filmes anteriores, começa a envelhecer... Mas não vale a pena... No final, percebe-se que Leigh não envelheceu, nem ficou sentimental

O segredo é que a aparente cabeça no ar de Poppy mascara os pés bem assentados na terra. É uma estratégia de sobrevivência tão válida como qualquer outra: Aproveitar cada dia, ver sempre o lado bom das coisas, deixar-se deslumbrar pelos pequenos nadas do quotidiano. De cabeça levantada e sorriso nos lábios.

Poppy é Sally Hawkins que brilha muito, muito, muito alto com uma interpretação extraordinária que escora todo o filme sem esforço. À sua volta temos o habitual círculo de coadjuvantes impecáveis. E, como no melhor Leigh, temos a sensação de não assistir um filme mas sim o cotidiano; não vemos personagens, mas gente de carne e osso.

Spoiler Rating: 90
LBC Rating: ~

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