O silêncio de Deus, presente em toda a obra do sueco Ingmar Bergman, é amplificado em O SÉTIMO SELO (1957). "Parece que ninguém me ouve", lamenta o cavaleiro Antonius Block (Max von Sydow), que volta das Cruzadas atormentado por dúvidas sobre o significado de sua ação e o destino de suas preces. "Talvez não haja ninguém", sugere a Morte (Bengt Ekerot), que veio buscá-lo. "Somos pequenos e assustados em nossa ignorância", reconhece Block, mais tarde.
A Morte joga com as peças pretas a célebre partida de xadrez para a qual o cavaleiro a desafia. Enquanto o xeque-mate é postergado, Block e seu escudeiro cético (Gunnar Björnstrand) vagam por uma região devastada pela peste. Essa alegoria medieval resume, em imagens clássicas, o estilo e as preocupações existenciais de Bergman. Prova de sua popularidade é que até o humor de Woody Allen (em A ÚLTIMA NOITE DE BORIS GRUSHENKO) e do grupo Monty Python (em O CÁLICE SAGRADO e O SENTIDO DA VIDA) já fizeram referência a seus elementos-chave.
Bergman se baseou na peça "O Retábulo da Peste", que havia escrito para alunos da escola de teatro na qual lecionava. "É um dos poucos filmes de minha autoria que me acalenta o coração", diz ele no livro "Imagens". Sua síntese da obra: "O enigmático, o além, não existe. Tudo é deste mundo". Silêncio.
Spoiler Rating: 84
LBC Rating: ~
2.1.08
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário