
A princípio, muitas características aproximam Frank Lucas (Denzel Washington) de Michael Corleone (Al Pacino). No início dO GÂNGSTER, o personagem vivido por Washington aparece como motorista, segurança e cobrador de dívidas de Bumpy Johnson, lendário dono do crime no Harlem. Quando este morre, em 1968, Lucas é a escolha mais improvável para sucedê-lo, mas ele consegue ocupar o lugar do antigo chefe com uma mistura de atitudes discretas e ameaças de violência, "ética" profissional e tino para o "comércio". Em pouco tempo, ele se torna maior que seu antecessor e passa a pairar sobre a máfia. Assim, vira alvo de investigações do detetive Richie Roberts (Crowe), um dos raros policiais incorruptíveis da Nova York dos anos 70. Como Michael Corleone, Lucas é um homem que quer transformar o crime organizado não apenas em uma atividade racional, mas também em um negócio regido pela lógica empresarial.
E a contraposição entre a trajetória do gângster e a do policial que está em seu enlaço torna-se a tematica do filme. O paralelismo é uma tentativa de dar conta da complexidade da situação, mas da forma como é aplicado, tem efeitos reducionistas. A contraposição entre bandido e mocinho segue uma cartilha por demais básica: para cada qualidade de um, é apresentado um defeito do outro, ou vice-versa. Se vemos Lucas tratar bem a família, veremos Roberts negligenciar o filho; se vemos Roberts recusar propinas, veremos a brutalidade de Lucas. Esse método acaba comparando e nivelando coisas muito diferentes entre si em nome da humanização dos personagens. Ainda assim, "O Gângster" sustenta o interesse graças à força da história, até agora desconhecida (ainda que bastante romanceada, é verdade).
Spoiler Rating: 86
LBC Rating: ~
Por Ricardo Cahill (Bravo!) e Pedro Butcher (Folha de São Paulo)
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