16.1.08

Alien Vs. Predador

Quando uma distribuidora, como a 20th Century Fox lança um filme antes mesmo de promover sessões especiais para críticos de cinema, é porque o filme é provavelmente uma bomba.

ALIEN VS PREDADOR não é pior do que a maioria dos filmes de ação descerebrados lançados no verão americano. E a fita até que tem consistentes qualidades formais graças ao seu diretor, Paul W.S. Anderson.

Por favor não confundam esse Anderson com outro de nome parecido, o Paul Thomas Anderson de MAGNÓLIA e SANGUE NEGRO. Já o Paul W.S. Anderson é um talentoso criador de atmosferas claustrofóbicas, cuja sina infeliz foi ter adaptado pelo menos dois filmes a partir de video games - MORTAL KOMBAT (1995) e RESIDENT EVIL (2002). Também existe um video game chamado "Alien vs. Predator", mas esse aparentemente tem pouco a ver com o projeto cinematográfico, que na verdade se propõe a ser simultaneamente o prólogo de ALIEN (1979) e seqüência para PREDADOR (1986).

Esse conceito de um encontro entre duas principais "franquias de monstro" da Fox já circulava pelos escritórios de criação há uma década, até que Anderson embarcou no projeto. A razão mais provável para essa demora foi que ninguém conseguia resolver um problemão inerente ao conceito: numa batalha entre Aliens que explodem caixas torácicas humanas e Predadores que fatiam cérebros, será que o espectador realmente vai conseguir torcer para um dos dois lados?

Anderson também não conseguiu resolver o problema, embora tenha elaborado em torno dessa questão um filme bonito, com clima soturno e elegante. ALIEN VS PREDADOR não é ambientado no espaço sideral, mas num mundo a la Julio Verne que existe sob a superfície do planeta, onde se esconde uma pirâmide extraordinariamente antiga. A pirâmide está enterrada a cerca de 600 metros, abaixo da calota polar da Antártida.

Descoberta pelo industrial bilionário Charles Bishop Weyland (vivido pelo ator Lance Henriksen, que em 1986 atuou na seqüência "Aliens, o Resgate", dirigida por James Cameron), a pirâmide se torna o motivo de uma expedição formada por renomados cientistas e mercenários, semelhante à do célebre desbravador Shackleton. O bilionário Weyland contrata uma guia ecológica, Alexa Woods (Sanaa Lathan), para conduzir seu grupo em direção ao templo enterrado. Só que lá no fundo da terra vive uma gigantesca mamãe Alien, e falta pouco tempo para ela parir seu adorável filhote.

Enquanto o bando vai percorrendo os serpenteantes corredores do mundo subterrâneo (numa espécie de clichê do mundo dos video games, embora os cenários lembrem na verdade os mundos underground do cineasta expressionista alemão Fritz Lang), fica evidente que os humanos não têm idéia do que poderá acontecer. Os Aliens foram gerados com características que os tornam alvos de um novo grupo de Predadores,que precisam se engalfinhar para matar os monstros alienígenas, inimigos mais perigosos de sua espécie.

Os humanos não têm muito o que fazer no filme. Entre eles estão um arqueólogo interpretado pelo ator italiano Raoul Bova, e um geólogo vivido por Ewan Bremner, ator escocês especializado em composições minuciosas. De qualquer forma, os personagens humanos servem para colocar o filme em movimento, mas logo passam à segundo plano, observando o que acontece, posição precária que acaba atingindo a maioria deles. Embora Anderson mantenha o interesse pelo filme, é de maneira muito absurda, até mesmo para os padrões de filmes sobre monstros fantásticos. Resultado- ALIEN VS PREDADOR se transforma num delírio, numa verdadeira extravaganza de efeitos especiais, um tanto gelado mas de vez em quando impressionante.

E entre o derramamento de sangue verde-escuro reluzente dos Predadores e aquela eca toda das mucosas borrachudas dos Aliens, certamente se encontra um filme muito pegajoso, embora definitivamente não muito assustador ou memorável.

Spoiler Rating: 52
LBC Rating: ~

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