10.11.07

Planeta Terror


Em PLANETA TERROR, Quentin Tarantino é produtor e ator. Aliás, Tarantino sempre dá uma força para Robert Rodriguez. Deve ser para que, pela comparação, todos possamos renovar nossa admiração por ele mesmo quando não dirige o filme.

O problema é que Quentin Tarantino, em À PROVA DE MORTE, filmou como quem passou a adolescência inteira frequentando as grindhouses, os cinemas setentistas com sessões duplas de filmes trash-malditos, enquanto Robert Rodriguez filma o seu PLANETA TERROR como quem só ouviu falar de grindhouse.

Em PLANETA TERROR, o enigma sugerido é: como arranjar as peças para chegar a um horror tão pouco memorável. Se é para levar a sério, as possibilidades são mínimas. Existe, para começar, um grupo de mutantes (vítimas de uma história na Guerra do Golfo) que precisa inalar gás para não se dissolver e que sai de uma base militar comendo os passantes. Há, em seguida, um hospital, onde são recebidas vítimas dos mutantes e onde há um casal de médicos perversos (em relação aos pacientes e em relação a um ao outro). E existe o herói El Wray (Freddy Rodríguez), um fora-da-lei disposto a reconquistar sua amada, a dançarina Cherry (Rose McGowan).

Os clichês se acumulam fazendo lembrar uma multidão de filmes -de zumbi, de médicos dementes e outros. Não são mais do que clichês que, à força da obviedade, Rodriguez -como em outros de seus filmes- parece querer nos fazer acreditar que está acima deles. Pode-se pensar então em um efeito cômico. Também não dá pé. Se comparado aos filmes de Ivan Cardoso, por exemplo...

Não dá nem para comparar: a diferença, para começar, é que este abacaxi é lançado nos cinemas; já os filmes mais recentes de Cardoso, não. Do que se poderia rir, afinal?

De um bar de estrada nojento que aspira a ganhar o título de melhor churrasco? De um estuprador mutante cujos órgãos se decompõem na hora de estuprar uma mulher?
Talvez a única tirada aceitável ao longo de todo o filme seja a de Cherry, a garota bonita da história, que, após ter a perna devorada por um mutante, acaba recebendo, como implante, uma metralhadora. Isso rende dois ou três risos amarelos.

É da colagem dessas pequenas sacadas, com fio dramático mínimo e muita borracha, sangue falso e maquiagem, que PLANETA TERROR tira a sua força. O problema é que piada, especialmente paródica, tem vida curta. E a obra de Robert Rodriguez, definitivamente, não foi feita para durar.

Spoiler Rating: 73
LBC Rating: 72

Por Marcelo Hessel (Omelete) e Inácio Araújo (Folha)

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