
Existem fórmulas. No entanto, para um filme dar certo, é necessário um equilíbrio nos ingredientes e temperos. E um toque de chef pode elevar a qualidade do produto.
"Sem Reservas" é um desses casos. A trama já foi vista e revista dezenas de vezes na história do casal que se detesta e, a certa altura, passa a se amar.
Todas as vezes que a fórmula funcionou, foi em conseqüência de uma boa química entre os atores e da condução segura do roteiro pelas mãos de um diretor habilidoso.
Catherine Zeta-Jones e Aaron Eckhart assumem papéis já consagrados, na era clássica, por pares como Clark Gable/ Claudette Colbert (ACONTECEU NAQUELA NOITE), Cary Grant/ Rosalind Russell (JEJUM DO AMOR), James Stewart/Margaret Sullavan (A LOJA DA ESQUINA), Spencer Tracy/Katharine Hepburn (A COSTELA DE ADÃO) e, em tempos mais recentes, por Meg Ryan/Billy Crystal (HARRY E SALLY).
Com uma personagem que exige dela algo além de ser ape- nas bonita, Zeta-Jones está ainda mais irresistível como a chef neurótica que vê seu território invadido pela chegada de um inventivo e extravagante auxiliar.
A receita incorpora os problemas da mulher pós-feminismo, seu acesso pleno ao mundo do trabalho e o choque com situações familiares como cuidar de uma criança.
Pode-se questionar que SEM RESERVAS seja retrógrado em relação aos valores feministas (já que afirma a eterna dependência do lado masculino), mas o que o filme con- segue é atualizar uma questão concreta.
O que o torna delicioso, contudo, é a excelente química do par central, auxiliado pela encantadora Abigail Breslin (de PEQUENA MISS SUNSHINE). Não é um prato feito para paladares exigentes, mas também não cai na vala sem sabor do fast-food.
Spoiler Rating: 73
LBC Rating: 58
Por Cássio Starling Carlos (Folha de São Paulo)
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