


Aos 98 anos e uma tradicional participação no Festival de Veneza, o português Manoel de Oliveira já não é um assunto que suscite grandes debates por aqui. Mas seus seguidores empenhados ocuparam metade de uma sala de 1,7 mil lugares para mais uma vez acompanhar um filme que não tem parâmetro e semelhança na produção atual.
CRISTOVÃO COLOMBO - O ENIGMA parte da idéia defendida pelo livro "Cristovão Colombo é Português" de que o descobridor teria mais raízes portuguesas do que se pensa, e em vez do nascimento oficial em Genova, teria nascido em Cuba - uma pequena cidade do Alentejo que teria originado o nome da ilha caribenha onde Colombo aportou um dia.
Oliveira cria uma proposta ficcional sobre dois irmãos portugueses que nos anos 40 emigram para os Estados Unidos, ajudando a criar ali uma comunidade lusitana. Um deles, vivido por Ricardo Trepa, neto de Oliveira, é um obcecado pela figura do navegador e, ao voltar a Portugal para se casar, parte com a mulher numa viagem de redescoberta dos lugares onde Colombro viveu.
O próprio Oliveira e sua mulher Maria Isabel de Oliveira interpretam o casal já na velhice e em visita a Nova York, onde também reencontram monumentos dedicados às raízes portuguesas. É um filme de testemunho do realizador sobre o heroísmo de Portugal durante as descobertas e o abandono de figuras históricas importantes e lugares que confirmam a grandeza de sua terra.
O filme dura 70 minutos e consegue discutir um assunto em profundidade. Os tempos são lentos, os planos duram o que precisam durar e ele promove a síntese do conjunto através de elipses poderosas. Grande Manoel, próximo do centenário e com a mente tão jovem e aberta. E, no Brasil, tantos velhos na faixa dos 20 ou 30 anos. Isso é mais triste que um fado da Amália Rodrigues.
Spoiler Rating: 82
LBC Rating: ~
Por Orlando Margarido (Terra) e Luiz Zanin Oricchio (Estado)
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