A Disney cresceu, ou ao menos, tentou...

ATLANTIS nasceu para marcar uma outra guinada no tema abordado pelos desenhos da Disney: Adeus aos números musicais de cantor famoso para ganhar o Oscar, ou bichinhos na floresta, e boas vindas às aventuras.

Baseado na lenda da Atlântida, cidade perdida no fundo do mar, ATLANTIS conta a história de um lingüista que, para concluir o trabalho iniciado pelo avô explorador, consegue, em 1914, localizar a cidade que muitos estudiosos dizem ter sido fantasia da cabeça do filósofo grego Platão. A principal fonte de inspiração veio de outro trabalho da Disney, o longa de ficção VINTE MIL LÉGUAS SUBMARINAS, imprimindo o lado heróico do Indiana Jones.

Para conquistar um lado mais dark, o filme têm um estilo “Cartum” genuíno dos HQs, dando ênfase ao uso de cores mais sépias, além de ângulos, silhuetas e sombras. Além de explosões, raios, bolhas, veículos voadores cortando a tela, um monstro gigante e o famoso submarino usado pela Disney na divulgação do desenho. O estilo empregado no filme vem do quadrinista Mike Mignola, e retrata bem o a rigidez e o maquinário do período pré-Primeira Guerra. Apesar dos dedos quadrados e rostos triangulares, os personagens movem-se com graça e fluidez, graças aos experientes animadores que os trazem à vida. A maior surpresa vem da personagem Helga, a sensual segunda no comando, animada diretamente da França pelo artista japonês Yoshimischi Tamura.

E, por intermédio de um lingüista, o americano Marc Okrand (que criou o dialeto Vulcânico, do Dr. Spock, em Jornada nas Estrelas), ATLANTIS ganhou um alfabeto fictício, o Atlanteano, com 29 letras. Alguns diálogos nesse "idioma" aparecem no filme e são devidamente legendados.

Desde que ninguém sabe como o reino de Atlântida era, o universo do filme teve que ser criado diretamente da mente dos artistas. O resultado é uma mistura de arquiteturas de varias civilizações ao redor do mundo, com grandes templos e monumentos comidos por musgo, mas longe das colunas gregas e pirâmides egípcias. Os cenários foram belamente desenvolvidos por Lisa Keene e sua equipe, usando cores mais escuras e profundas do que as que estamos acostumados a ver nos filmes animados. Também temos grande uso da técnica Deep Canvas, que cria fundos tridimensionais e com profundidade, usada com ainda mais ferocidade nas cenas de vôo e perseguição.

Spoiler Rating: 70
LBC Rating: ~

Da Redação da Folha de São Paulo e Animatoons (Matheus Mocelin Carvalho)