Houve muitos filmes sobre Drácula. Muitos mais ou menos baseados no best-seller original. Houve Lugosi, Lee e Karloff, descendentes de uma estirpe romântica e gótica. Mas nenhuma tão fiel quanto a versão de 1992 de Francis Ford Coppola: DRÁCULA DE BRAM STOKER demonstra um desejo de fidelidade ao texto de origem, tentando apagar toda a tradição sem rigor e cheia de variantes dos antigos Dráculas para obter uma versão fidedigna.
O romance de Bram Stoker é escrito de um modo incomum. Repleto de anexos com varias anotações, notas, registros de diários e outros documentos usados como meios de mover a estória que é basicamente sobre um jovem negociante, um corretor de imóveis (Keanu Reeves) que é incumbido pela sua empresa de ir à longínqua Romênia, no leste europeu, numa região chamada Transilvânia, para concluir um negocio com Drácula (Gary Oldman). Que por acaso, além de Conde, é vampiro e por acaso está (e sempre esteve) apaixonado por sua noiva (Winoma Ryder) que o espera em Londres para casar.
O conceito aqui foge de outros Dráculas. Grande parte é ilusão teatral, uso de sombras e manipulação de imagens. Drácula flutua por cada detalhe. E em seu castelo, na presença de um fenômeno metafísico como um vampiro, as leis da natureza não funcionam corretamente. As sombras parecem livres de quem as gera. Sobem ao invés de caírem. Você sabe que esta no domínio do sobrenatural porque sutilmente as coisas não ocorrem como de costume.
A fotografia sempre flerta com o surreal. Uma historia que abusa do uso de bonecos, marionetes e efeitos antigos como cenas com vidro, imagens ao contrário e miniaturas penduradas. Tudo combinado de forma artesanal como se fazia antigamente. Um filme todo feito à mão. E todo gravado em estúdio.
Curioso que em parte o filme está interessado também em tecnologia. Toda hora surge novas máquinas e dispositivos cinematográficos. Era a virada do século: Repleto de telégrafos, telefones e microscópios, além de cinemas baratos, mágicas e pequenas ilusões. O cinema como é conhecido hoje começou como um hall de maravilhas e a película de Copolla celebra esse casamento entre a data de criação do mito “Drácula”, perto de 1900, com o nascimento do cinema.
Com grandes figurinos de Eiko Ishioka, incomuns e elaborados, a sensualidade inerente à lenda dos vampiros é confundida com sexo, romance, amor e morte. DRÁCULA DE BRAM STOKER é cheio de vida, um pequeno tesouro de efeitos estranhos.
Spoiler Rating: 85
LBC Rating: ~
Por Francis Ford Coppola