27.3.08

Deleite seus olhos...



Spoiler em seu 5º ano de vida finalmente em endereço definitivo!!!!

Atualizem seus links e Feeds:

www.spoilermovies.com

feeds.feedburner.com/SpoilerMovies

20.3.08

Dr. Jivago

DR. JIVAGO é uma meditação profunda sobre vida e morte, amor e ódio, dedicação pessoal e ideologia de massas, liberdade e escravidão, guerra e paz. Trata-se de um fenômeno. A simples menção de Jivago imediatamente evoca imagens de Omar Shariff fugindo de comunistas e traindo Geraldine Chaplin com Julie Christie ao som do meloso "Tema de Lara", de Maurice Jarre.

Baseado no romance homônimo de Boris Pasternak, o filme narra os "anos terríveis" da vida do médico e poeta Iuri Jivago que vão de 1903 a 1943. A fita acompanha de perto momentos cruciais da história de seu país, como a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa, na qual deposita uma esperança que logo se converte na mais amarga das decepções. A política, porém, é apenas pano de fundo. A ideologia jamais passa para primeiro plano.

Apesar disso, e apesar de nos enfiar a toda hora o tema de Lara goela abaixo, a visão poética de Lean oferece imagens inesquecíveis. São marcantes cenas como a da estrela vermelha brilhando sobre a entrada do túnel de trabalhadores, outra em que uma criança surge através da vidraça gelada na qual galhos batem, o ataque da cavalaria contra os bolcheviques ou a maneira que os flocos de neve se transformam em flores, e uma flor se transmuta no rosto de Lara.

As vicissitudes da história unem e separam Lara e Jivago diversas vezes. O labirinto de encontros e desencontros vai sendo reconstruído pouco a pouco e mostram a História como uma força moldada pelo homem que, por sua vez, é capaz de moldar a vida de cada indivíduo.

O filme concorreu a nove Oscars e ganhou cinco: Melhor Roteiro Adaptado, Direção de Arte, Figurino, Fotografia e Trilha Musical.

Spoiler Rating: 82
LBC Rating: ~

19.3.08

2001: Uma Odisséia no Espaço

A genialidade de Stanley Kubrick em 2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO não consiste no que ele mostra, mas sim no quanto é despojado. Esta é a obra de um artista tão sublimemente seguro que não inclui uma só tomada para manter nossa atenção. Ele reduz cada cena à sua essência e a deixa na tela o tempo suficiente para que a admiremos, para que ocupe nossa imaginação. 2001 é uma raridade entre os filmes de ficção, pois não está preocupado em nos excitar, mas inspirar reverencia.

Boa parte desse efeito deve-se a trilha musical que existe além da ação. Ela exalta e busca o sublime e dá seriedade e transcendência ao visual. O filme cria seus efeitos essencialmente sobre o visual e a musica. É meditativo. Não mata nossa fome, mas quer nos inspirar e nos engrandecer com seu balé visual.

O filme, também, é em vários aspectos um filme mudo. Há poucos diálogos, o que o torna um filme difícil e eles estão ali simplesmente para indicar que as pessoas conversam entre si. Não deixa de ser curioso que os melhores sentimentos provenham de HAL 9000, um computador que apela por sua vida entoando “Daisy”.

2001 é um filme transcendente. Passados 40 anos, ainda é atual. Conta a lenda que Stanley Kubrick, o mais cerebral dos grandes diretores norte-americanos, sempre teve o sonho de realizar a obra-prima definitiva dos vários gêneros que freqüentou. Filmes de guerra, como GLÓRIA FEITA DE SANGUE; de terror, como O ILUMINADO; reconstituições históricas, como SPARTACUS e BARRY LYNDON; filmes de assalto, como O GRANDE GOLPE - se não atingiu sempre o seu objetivo, Kubrick esteve muitas vezes próximo de concretizá-lo. Ele deixou uma obra marcante, uma das mais notáveis da história do cinema, mas foi na chamada ficção científica que Kubrick se excedeu e se imortalizou.

Spoiler Rating: 90
LBC Rating: ~

18.3.08

Cleópatra

CLEÓPATRA foi o Waterloo das superproduções dos anos 50/60. Era para ser o máximo. Mas as filmagens demoraram muito mais do que se imaginava, Elizabeth Taylor teve pilhas de chiliques, o filme custou uma fortuna e, na bilheteria, deu muito menos do que se esperava.

Com Richard Burton e Rex Harrison no elenco, o filme narra a lenda da Rainha do Nilo e seu romance com Júlio César e Marco António, dois dos mais poderosos soldados do império romano. A produção descreve o Egito como uma civilização extremamente luxuosa, e talvez por isso o público não tenha aderido: Há um peso excessivo em tudo aquilo, em cada imagem barroca, que nem Joseph L. Mankiewicz conseguiu contornar.

Apesar de excessivamente longo (250 minutos na versão final, embora na TV foi editado para 194 minutos), vale pela ótima interpretação da dupla Taylor e Burton.

O filme recebeu nove indicações para o Oscar, incluindo Melhor Filme. Levou as estatuetas de melhor Direção de Arte, Fotografia, Figurinos e Efeitos visuais.

Spoiler Rating: 60
LBC Rating: ~

Dançando no Escuro

Escrever logo após uma primeira visão de DANÇANDO NO ESCURO é escrever em estado de choque. Um filme que, ao terminar, deixa o espectador sem fala, suscita mais do que a análise e, antes dela, a tentativa de ordenar e consolidar o que aconteceu e o que se percebeu, para saber por que o impacto é tamanho.

São muitas as entradas possíveis no filme de Lars von Trier, muitas as camadas de sentido que ressoam; porém talvez convenha começar pela impressão mais saliente: sente-se que se trata de um filme-limite numa época-limite. Como se o passado, o presente e o futuro do cinema convergissem numa obra para encenar a paixão do homem do século 20 - e o modo como o cinema pode contribuir para redimi-lo. Como se a visão da nossa época e na nossa época, mas também como se a cegueira dela e a nossa, fossem inseparáveis da experiência do cinema e só pudessem ser apreendidas no escuro de uma sala, diante de uma tela em que imagens e sons elaboram a crise e o renascimento dessa arte enquanto crise e renascimento do homem contemporâneo.

DANÇANDO NO ESCURO nos co-move não só por causa de seu enredo ou mesmo do modo como Trier filma um melodrama; não só pela interpretação de Björk, que atualiza, sem no entanto procurar imitá-la, a Joana d'Arc de Falconetti, na obra-prima de Dreyer; nem pelo magistral emprego da tecnologia digital, que permite a Trier imprimir às imagens e à trilha sonora ritmos e tratamentos diferenciados, fazendo-nos passar da vida ao sonho e novamente à vida de modo nunca visto.

DANÇANDO NO ESCURO nos co-move porque nele alguém se sacrifica no presente para que a geração futura possa ver. Essa é, no meu entender, a questão fundamental tratada por Trier. Como lidar com a cegueira que progressivamente toma conta de nós? Como fazer para que nosso legado não seja uma herança negativa, mas a possibilidade de recuperação da visão? Como aceitar o sofrimento agora para que o outro seja salvo no futuro? Como saber morrer para libertar o outro da condição que o aprisiona e compromete? Como salvar-se por meio da salvação do outro?

Spoiler Rating: 78
LBC Rating: ~

Por Laymert Garcia dos Santos

11.3.08

Horton e o Mundo dos Quem!

HORTON E O MUNDO DOS QUEM! é um deleite. Repleto de cores e sagacidade, o filme transporta o público para o interior da incrível imaginação do Dr. Seuss (“Grinch”), por meio de uma obra-prima de computação gráfica.

O filme, tal como o livro de Seuss, apresenta um elefante cheio de imaginação chamado Horton (Jim Carrey), que vive na selva de Nool e ouve um pedido de ajuda vindo de uma partícula de poeira que flutua no ar. Embora Horton ainda não saiba, tal partícula abriga toda uma cidade chamada Quemlândia, habitada por seres microscópicos, liderados pelo Prefeito (Steve Carell). Apesar de ridicularizado e ameaçado por seus vizinhos, que acham que ele ficou maluco, Horton está determinado a salvar a partícula, pois “uma pessoa é uma pessoa, não importa o tamanho que tenha”.

Horton é diferente de qualquer elefante já visto anteriormente. Ele é extraordinário e, sob muitos aspectos, vai além de seu corpanzil; possui um grande coração, uma grande personalidade e um grande senso de humor. Horton se distingue por sua gentileza, confiabilidade e perseverança. Apesar da imensa adversidade, do ridículo, da condenação e das ameaças, a determinação de Horton em garantir a segurança de Quemlândia permanece intacta. Ele é sempre fiel... cem por cento.

E assim o filme dá oportunidade de cada personagem mostrar seu valor e seu ponto de vista original. Um belo trabalho dos cineastas Jimmy Hayward & Steve Martino que impregnam cada experiência surreal entre os dois mundos paralelos com muito suspense, comédia e ritmo. Do conceito de arte até a música e som de John Powell e Randy Thom, tudo contribui para tornar HORTON E O MUNDO DOS QUEM! num deslumbrante passeio entre a imaginação fértil de Seuss e a glória dos desenhos animados.

Spoiler Rating: 82
LBC Rating: ~

Jumper

JUMPER trata de um jovem, David Rice (Hayden Christiansen), que descobre um dom: O teletransporte. David pode ver 20 pores-do-sol em apenas um dia, levar a sua namorada pelo mundo inteiro num piscar de olhos e agarrar milhões de dólares em minutos. Entretanto, existe uma organização secreta que jurou matar “Jumpers” que o descobre e o persegue por todo o globo. Do centro dos Estados Unidos para as ruas de Tóquio. De Londres às ruínas de Roma, a odisséia mundial de David é uma aventura épica.

E JUMPER é apenas e somente isso, um espetáculo visual, por vezes pobre, onde reinam a desordem, o roteiro confuso e mal-concebido e os atores totalmente mal aproveitados, com especial ênfase para Hayden Christiansen que tecnicamente sempre foi um ator ruim. Além de não conseguir expressar qualquer tipo de emoção, ainda tenta enveredar para o humor, onde tropeça brutalmente, só parando no fundo do poço. Também Samuel L. Jackson está fraquinho. Jamie Bell, o outro jumper, pelo menos, consegue ter algum carisma e expressar alguns sentimentos de forma verossímil.

O diretor Doug Liman (INDENTIDADE BOURNE, SR & SRA. SMITH) tinha uma boa premissa em mãos, mas acabou pecando pela pressa com vários erros de argumento e soluções fáceis levando a fita ao lugar comum.

Apesar de tudo, JUMPER é um bom filme. Daqueles de se ver e rapidamente esquecer, ideal para uma sessão da tarde. Vale pelos efeitos especiais, a beleza estonteante de Rachel Bilson e um pouco de Jamie Bell e nada mais.

Spoiler Rating: 70
LBC Rating: ~

7.3.08

O Orfanato


O ORFANATO é um “terror à espanhola”. Um gênero que vem ganhando espaço, sucesso e público. Não se trata de um filme de terror, mas um drama sobrenatural. Uma estória com crianças, fantasmas e casas lúgubres.

Vindo de Cannes, coberto de elogios, o filme caminha com bastante elegância por onde muitos perderiam as estribeiras num festival de sustos baratos: Seu foco definitivamente firmado no curioso drama da história (que, ao estender a questão da orfandade e incluir o ângulo do HIV, poderia ganhar toda uma nova carga de urgência) deve ter feito a festa de um público inteligente carente de filmes de suspense igualmente inteligentes.

Laura (Belén Rueda) passou os anos mais felizes de sua infância num orfanato à beira do mar, onde recebeu cuidados de funcionários e outros órfãos que amava como irmãos. Trinta anos depois, ela retorna com seu marido Carlos, e Simon, o filho de sete anos, com o sonho de restaurar e reabrir o orfanato há muito abandonado como abrigo para crianças inválidas.

O novo lar e seus mistérios despertam a imaginação de Simon e o menino cria uma teia de histórias fantásticas e jogos pouco inocentes. São brincadeiras perturbadoras que começam a incomodar sua mãe que adentra o estranho universo do garoto e com isso resgata memórias incômodas e há muito esquecidas de sua própria infância.

Bem cuidado, bem produzido e fotografado com o mesmo porte elegante que o roteiro se carrega, o diretor Juan Antonio Bayona trabalha nos detalhes, usa o poder de sugestão, mas não se furta a filmar os fantasmas, até porque eles podem ser produtos de uma imaginação doentia. O quadro é sugestivo e coerente com os filmes de Guillermo Del Toro (e mais com A ESPINHA DO DIABO do que com O LABIRINTO DO FAUNO).

Não se trata de um filme de terror explicito. Terrores como O ORFANATO são chamados de slow burning nos EUA, mas nesse caso a queimadura arde tão lenta que nada se sente, nada se marca. Nada acontece. Enquanto filme de terror, é como olhar para um aquário por seis horas, mas enquanto drama psicológico é um colírio de se encher os olhos.

Spoiler Rating: 89
LBC Rating: ~

Por Luiz Carlos Merten (Estado) & Bernardo Krivochein (Zeta Filmes)

10000 AC

Roland Emmerich é o tipo de diretor que os críticos têm prazer em odiar. Alemão, fascinado por Hollywood e por superproduções (INDEPENDENCY DAY, GODZILLA, O DIA DEPOIS DE AMANHÃ) ele próprio considera inimaginável fazer um filme de baixo orçamento. Agora por tradição, seu novo filme repete as velhas fórmulas de sua filmografia e, os mesmos defeitos...

10000AC é puro cinema pipoca. Repleto de ação, aventura, centena de efeitos e uma narrativa épica (e mítica), o diretor volta-se para a aurora do mundo, recuando cem séculos no tempo para debruçar-se sobre a saga do primeiro herói, D'Leh (Steven Strait).

O público logo é convidado a acompanhar uma faminta tribo de caçadores que convivem com a iminente extinção de sua principal presa, o mamute. A certa altura, a tribo ainda sofre com o seqüestro de alguns de seus jovens e de uma bela menina de olhos azuis. Cabe ao herói resgatá-los.

Trata-se de uma aventura séria, mas com certa veia cômica e certo estilo kitsch. Os habitantes tribais – quase selvagens - falam um inglês sem restrições. Têm dentes branquíssimos e perfeitos. São todos solenes, com vocabulário e empostação de voz típicos dos clássicos hollywoodianos dos anos 50.

Por outro lado, a direção de arte é espetacular, criando com força faraônica, gigantescas civilizações perdidas. Virtuais, é claro. Fora uma debandada de mamutes e um tigre virtual ainda melhor que o leão Aslan de CRÔNICAS DE NÁRNIA. O que não é pouco.

O diretor usa todos os recursos do cinemão para construir uma história de redenção, com direito a segunda chance e volta ao lar, temas essenciais de Hollywood. Sem preconceito, é possível embarcar na magia de sua fábula. Mas ao vê-lo só nos obriga a dar crédito a Mel Gibson pelo semelhante e infinitamente superior APOCALYPTO.

Spoiler Rating: 63
LBC Rating: ~

Por Pedro Butcher (Folha), Luiz Carlos Merten (Estado) & Celso Sabadin (Yahoo Movies)

Os Falsários

OS FALSÁRIOS (THE COUNTERFEITERS/DIE FALSCHER) é um filme que remonta aos tempos da segunda guerra mundial. De origem austríaca, este excelente trabalho do diretor Stefan Ruzowitzky conta a história verídica de Solomon Soeowitsch que em 1936 era considerado o rei das falsificações e portanto muito requisitado por muitos vigaristas de Berlim.

Infelizmente, tal fama não ajudou muito e ele teve que lidar com a temível Gestapo de Hitler. Sendo judeu e criminoso, foi preso e levado para um campo de concentração. Graças aos seus talentos únicos foi poupado da temível câmara de gás, desde que colaborasse com os nazistas numa mega operação que envolvia outros falsificadores de renome e que consistia em produzir séries de notas para alimentar a guerra. Obviamente que Solomon e os outros estavam perante um dilema moral: Se não ajudassem os seus inimigos eram mortos sem piedade mas se ajudassem prolongariam a guerra e compactuariam com a morte de milhares de pessoas.

Houve muitos filmes sobre o Holocausto como pano de fundo, contudo OS FALSÁRIOS aborda o tema de modo diferente. Aqui, não se foca especificamente o triste e horrível ato que foi o holocausto mas sim um momento especifico, uma operação que apesar de muito badalada raramente foi mencionada em filmes ou documentários. É uma história que no fundo tem como objetivo contar a estória desse grupo de prisioneiros e os dilemas morais que tiveram de enfrentar, refletindo apenas em alguns traços as atrocidades da época.

O filme é um verossímil retrato humano, de uma década de abstração de regras onde a lei do mais forte imperava, onde nem mesmo os vigaristas estavam a salvo de uma tirania superior. Contem algumas seqüências bastante duras mas que evidenciam da melhor forma possível a violência e a crueldade daqueles tempos, contudo acaba por ser uma das representações do holocausto mais fáceis de digerir não focando excessivamente nem exaustivamente o extermínio dos judeus, logo é uma versão mais simples e não tanto explicita.

Em tempos negros e de aflição, até os ladrões têm honra e são capazes de ter valores positivos, esta é a mensagem principal. O filme levou (com certo louvor) o Oscar de Filme Estrangeiro.

Spoiler Rating: 84
LBC Rating: ~

A Outra


Baseado no best-seller de Philippa Gregory, A OUTRA é uma fascinante e sensual história de intriga, romance e traição, tendo como pano de fundo um momento chave da realeza britânica.

Duas irmãs, Ana (Natalie Portman) e Maria (Scarlett Johansson) Bolena, são manipuladas pelos seus ambiciosos pai e tio para reforçar o poder e status da família, através da conquista dos favores do Rei de Inglaterra (Eric Bana). Abandonando a simplicidade da vida no campo, ambas entram na perigosa e excitante vida da corte - e, o que começa como uma simples iniciativa para ajudar a família, torna-se numa rivalidade impiedosa entre Ana e Maria pelo amor do Rei.

Inicialmente, Maria ganha os favores de Henrique VIII e torna-se sua amante, dando-lhe dois filhos ilegítimos. Mas Ana, esperta, intriguista e destemida, consegue afastar tanto a sua irmã como a mulher do Rei, a Rainha Catarina de Aragão. Embora os sentimentos de Maria por Henrique sejam genuínos, a sua irmã Ana tem os olhos postos no grande prêmio: Ser Rainha da Inglaterra. E enquanto as irmãs lutam pelo amor do Rei - uma levada pela ambição, outra pela afeição genuína - a Inglaterra divide-se.

Tanto livro e filme são baseados em fatos verídicos e mantêm-se fieis ao contexto histórico. O roteiro minucioso de Peter Morgan (A RAINHA), perito nos filmes do gênero, contribui e muito para a imersão no filme do estreante Justin Chadwick
Mas o filme se sustenta apenas no foco romântico. Deixando de lado outras questões importantes como a personalidade do Rei Henrique VIII, o que ele representou para a Inglaterra e os grandes problemas religiosos e políticos do seu reinado. Basicamente, a história inglesa serve como mero pano de fundo para a intriga amorosa, com algumas leves referencias à alguns problemas ingleses.

Natalie Portman é o grande destaque do elenco. Sua interpretação é malévola e calculista. Scarlett Johanson aparece um pouco aquém das expectativas e Eric Bana simplesmente está perdido no filme.

O conceito é convencional mas eficaz. Justin Chadwick peca um pouco por sua experiência em televisão mas no fundo, A OUTRA é um bom romance repleto de intrigas romântica e jogadas.

Spoiler Rating: 73
LBC Rating: ~

6.3.08

Drácula de Bram Stoker

Houve muitos filmes sobre Drácula. Muitos mais ou menos baseados no best-seller original. Houve Lugosi, Lee e Karloff, descendentes de uma estirpe romântica e gótica. Mas nenhuma tão fiel quanto a versão de 1992 de Francis Ford Coppola: DRÁCULA DE BRAM STOKER demonstra um desejo de fidelidade ao texto de origem, tentando apagar toda a tradição sem rigor e cheia de variantes dos antigos Dráculas para obter uma versão fidedigna.

O romance de Bram Stoker é escrito de um modo incomum. Repleto de anexos com varias anotações, notas, registros de diários e outros documentos usados como meios de mover a estória que é basicamente sobre um jovem negociante, um corretor de imóveis (Keanu Reeves) que é incumbido pela sua empresa de ir à longínqua Romênia, no leste europeu, numa região chamada Transilvânia, para concluir um negocio com Drácula (Gary Oldman). Que por acaso, além de Conde, é vampiro e por acaso está (e sempre esteve) apaixonado por sua noiva (Winoma Ryder) que o espera em Londres para casar.

O conceito aqui foge de outros Dráculas. Grande parte é ilusão teatral, uso de sombras e manipulação de imagens. Drácula flutua por cada detalhe. E em seu castelo, na presença de um fenômeno metafísico como um vampiro, as leis da natureza não funcionam corretamente. As sombras parecem livres de quem as gera. Sobem ao invés de caírem. Você sabe que esta no domínio do sobrenatural porque sutilmente as coisas não ocorrem como de costume.

A fotografia sempre flerta com o surreal. Uma historia que abusa do uso de bonecos, marionetes e efeitos antigos como cenas com vidro, imagens ao contrário e miniaturas penduradas. Tudo combinado de forma artesanal como se fazia antigamente. Um filme todo feito à mão. E todo gravado em estúdio.

Curioso que em parte o filme está interessado também em tecnologia. Toda hora surge novas máquinas e dispositivos cinematográficos. Era a virada do século: Repleto de telégrafos, telefones e microscópios, além de cinemas baratos, mágicas e pequenas ilusões. O cinema como é conhecido hoje começou como um hall de maravilhas e a película de Copolla celebra esse casamento entre a data de criação do mito “Drácula”, perto de 1900, com o nascimento do cinema.

Com grandes figurinos de Eiko Ishioka, incomuns e elaborados, a sensualidade inerente à lenda dos vampiros é confundida com sexo, romance, amor e morte. DRÁCULA DE BRAM STOKER é cheio de vida, um pequeno tesouro de efeitos estranhos.

Spoiler Rating: 85
LBC Rating: ~

Por Francis Ford Coppola

A Sombra do Vampiro

A SOMBRA DO VAMPIRO deve agradar os cinéfilos mais nostalgicos. Trata-se de uma fita de baixo orçamento (Nicolas Cage assina como co-produtor), mas extremamente inventiva e original, brincando com algumas figuras lendárias da História do Cinema e que deu vários prêmios e até indicação para o Oscar para Willen Dafoe, que tem um grande momento de sua carreira fazendo o papel do ator Max Schrek.

O argumento é realmente interessante e se baseia nos bastidores da filmagem de NOSFERATU, de F. Murnau, feito durante o Expressionismo Alemão em 1922 e estrelado por um certo ator chamado Max Schreck. Segundo esta fita, o diretor Murnau encontrou Schreck e o utilizou sabendo que ele realmente é um vampiro e seu amor pelo cinema era tão intenso, ou tão doentio, que o deixou realmente atacar de verdade seus parceiros de filmagem.

Quem faz Murnau com toda a ambigüidade necessária (ele era assumidamente homossexual) é John Malkovich, que agora vive na Europa e está ficando cada vez mais interessante como figura e ator. Mas é Dafoe quem constrói uma imagem memorável, com ajuda de maquiagem, imitando a composição original do filme. Em 1979, Werner Herzog chegou a fazer um Nosferatu imitando Murnau. Com Klaus Kinski no papel central. Mas não chega a se comparar com este filme muito mais modesto, mas superinteressante.

Também procurando reproduzir os planos e cenas do original, mas sempre sem esquecer o senso de humor, ele mistura lenda, fantasia, terror, ao mesmo tempo em que tem um visual muito particular e diferente. Denotando uma extraordinária paixão pelo cinema por parte do diretor desconhecido para nós (a fita passou na Quinzena dos Realizadores de Cannes 2000, mas só foi descoberta mais tarde).

Só para ninguém ficar na dúvida, o verdadeiro Schreck não era vampiro, apenas um obscuro ator de teatro, que fez outras fitas imemoráveis, tudo é ficção mesmo. Porém feita com tanta verdade, de forma tão interessante, que a gente acaba acreditando. Mérito sem dúvida de uma brilhante performance de Dafoe. Repito: não é fita para grandes platéias, mas para cinéfilos mais até do que fãs adolescentes de terror.

Spoiler Rating: 80
LBC Rating: ~

Por Rubens Ewald Filho

Drácula

O Conde Drácula é o mais clássico dos vampiros, e o DRÁCULA de Bela Lugosi, estreado em 1931, permanece o clássico dos clássicos. Cinéfilos preferem o NOSFERATU de Murnau (1922), que serviu de inspiração também para o filme de 1979 de Werner Herzog.

Mas na imaginação coletiva é o húngaro Bela Lugosi que encarna o vampiro romeno. Sua voz é envolvente, seus olhos são sedutores. Mas ninguém se engane: o encanto do personagem criado por Lugosi vem de sua incrível ambiguidade, da capacidade de transmitir, ao mesmo tempo, as idéias de dor e de terror.

Pois Drácula é um demônio noturno, um pesadelo -e, se o filme hoje é um clássico, é em boa parte porque Lugosi conseguiu lhe dar a densidade e a intensidade que os pesadelos requerem.

É verdade que sozinho Lugosi não faria tudo o que fez, e o filme não seria o que é se a Universal não tivesse providenciado a iluminação de Karl Freund, um alemão saído das sombras do expressionismo -e um dos maiores fotógrafos do cinema. Ou ainda se não tivesse a dirigi-lo Tod Browning, que formava com James Whale a grande dupla de mestres do horror dos anos 30.

O terror é um gênero estranho e difícil, pois convoca plenamente o imaginário, mas só o faz na medida em que acene com a hipótese de tudo aquilo nos afetar realmente. É um gênero que nos agita inteiramente, corpo e alma, idéia e matéria. Poucos chegaram a isso e mantiveram por tanto tempo sua eficácia quanto esse DRÁCULA.

Spoiler Rating: 77
LBC Rating: ~

Por Inácio Araujo

Nosferatu

Assistir a NOSFERATU, de 1922, de F.W. Murnau é ver o filme de vampiro antes que ele tivesse realmente visto a si mesmo. Aqui está a história de Drácula antes dele ser enterrado vivo em clichês, piadas, esquetes, caricaturas e mais de trinta filmes diferentes. O filme reverencia o seu argumento. Parece acreditar de verdade em vampiros.

Max Schreck, que faz o papel do vampiro, evita a maioria dos toques teatrais que viriam a confundir o espírito em todos os desempenhos subseqüentes, de Bela Lugosi a Christopher Lee, A Frank Langella e a Gary Oldman, O vampiro não é um ator extravagante, mas um homem sofrendo uma terrível aflição. Schreck faz o papel de conde mais como um animal do que como um ser humano; a direção de arte lhe dá orelhas de morcego, unhas em formato de garras e caninos que estão no meio da sua boca, como um roedor, em vez de pelos lados, como uma máscara de Halloween.

O filme mudo de Murnau se inspirou no livro de Bram Stoker, todavia o titulo e o nome foram modificados, pois a viúva de Stroker reclamou, não sem razão, que o patrimônio do seu marido estava sendo dilapidado. Todavia “Nosferatu é, de qualquer forma, um titulo mais apropriado do que “Drácula”. Pronuncie “Drácula” e você acabara rindo. Diga “Nosferatu” e parece que você mordeu um limão.

Mas será que NOSFERATU de Murnau ainda é assustador no sentido moderno? Não para mim. Eu o admiro mais pela sua arte e pelas suas idéias, sua atmosfera e sua imagens, do que pela habilidade de manipular minhas emoções como um hábil e moderno filme de terror. Todavia o filme continua eficiente: Não nos assusta, mas nos persegue. Mostra que os vampiros não podem sair de dentro das sombras, mas que o diabo pode vicejar ali, alimentando-se da morte.

Spoiler Rating: 83
LBC Rating: ~

Por Roger Ebert
by TemplatesForYou
SoSuechtig,Burajiru